Um estudo publicado no Journal Of Clinical Oncology recentemente avaliou o papel da combinação de quimioterapia e gefitinibe em primeira linha para pacientes com câncer de pulmão células não pequenas (CPCNP) com mutações ativadoras do EGFR. Este foi um estudo fase III, conduzido no Tata Memorial Center, na Índia, que incluiu pacientes com diagnóstico de CPCNP com mutações ativadoras em EGFR nos éxons 18, 19 ou 21, com performance status ECOG de 0 a 2, virgens de tratamento. A randomização foi entre quimioterapia com carboplatina e pemetrexede por 4 ciclos, seguida de manutenção com pemetrexede, associada ao gefitinibe (Gef + QT); ou apenas gefitinibe (Gef).
Dos 350 pacientes randomizados, 18% tinham metástases para sistema nervoso central. Em relação às mutações, 62% dos pacientes em cada grupo apresentava deleção do éxon 19, enquanto mutações no éxon 21 foram as segundas mais frequentes. Em relação aos desfechos, a taxa de resposta radiológica foi superior na combinação (75% vs 63% p = 0,01).
A sobrevida livre de progressão também foi mais prolongada no grupo Gef + QT em relação ao gefitinibe monodroga (16 meses vs 8 meses), com redução do risco relativo de progressão ou morte de 49% (HR 0,51 p<0,001). A combinação ainda demonstrou ganho significativo em sobrevida global, com redução do risco relativo de morte de 55% (HR ,45 p< 0,001), com mediana de sobrevida global não atingida neste grupo, versus 17 meses no grupo gefitinibe. O beneficio foi consistente em todos os subgrupos analisados.
Entretanto, houve mais toxicidades na combinação (graus 3 ou mais em 75% Gef +QT vs 49,4% com Gef). Os eventos adversos mais comuns no grupo Gef+QT foram mielosupressão, nefrotoxicidade e hipocalemia. Houve descontinuação do pemetrexede de manutenção por toxicidade em 16,7% dos pacientes.
Diante destes resultados, a combinação de quimioterapia com gefitinibe pode ser uma opção na primeira linha de tratamento do CPCNP metastático com mutações ativadoras do EGFR, mesmo em pacientes com ECOG PS 2, levando em consideração suas toxicidades. É importante destacar que neste estudo o braço comparador foi um inibidor de tirosina quinase de primeira geração (gefitinibe), e que apenas uma pequena porcentagem dos pacientes foi exposta a osimertinibe na vigência de progressão de doença.
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.