Nova medicação anti-HER2 apresenta atividade promissora na doença metastática - Oncologia Brasil

Nova medicação anti-HER2 apresenta atividade promissora na doença metastática

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As medicações que têm como alvo o receptor do fator de crescimento epidérmico humano do tipo 2 (HER2, do inglês human epidermal growth factor receptor type 2) revolucionaram a abordagem do câncer de mama com expressão dessa proteína, mudando o paradigma de tratamento e a história natural dessa doença. Após a introdução de drogas como trastuzumabe, pertuzumabe e, mais recentemente, T-DM1, o câncer de mama positivo para HER2 (HER2+) deixou de ser encarado como uma das formas mais agressivas e letais da doença, tornando-se um subtipo de relativo bom prognóstico quando adequadamente tratado, contando com opções terapêuticas eficazes, mesmo na doença metastática.

Durante o San Antonio Breast Cancer Symposium deste ano, encontro que reúne inúmeros especialistas em câncer de mama de todo o mundo e que ocorre de 10 a 14 de dezembro de 2019, em San Antonio, Texas, dados sobre uma nova molécula anti-HER2, com eficácia promissora, foram apresentados. O uso do complexo de anticorpo conjugado a droga [Fam-] trastuzumabe deruxtecan (T-DXd) promoveu respostas duradouras em pacientes com câncer de mama HER2+, mesmo em população submetida a diversos tratamentos prévios. As 253 participantes recrutadas para o estudo de fase II DESTINY-Breast01 (NCT03248492), que avaliou a atividade dessa nova medicação, apresentavam doença metastática e já haviam sido expostas a múltiplas terapias anti-HER2 (mediana de 6 linhas de tratamentos sistêmicos), incluindo T-DM1.

Apesar disso, nas 184 pacientes que conseguiram receber a dose recomendada de 5,4 mg/kg de T-Dxd, observou-se uma impressionante taxa de resposta de 60,9%, com 6% de respostas completas e 54,9% de respostas parciais. Ainda mais expressiva, a taxa de controle de doença foi de 97%, com uma consequente sobrevida livre de progressão mediana de 16,4 meses. Os resultados foram positivos independentemente do status de receptores hormonais, da exposição prévia a pertuzumabe ou mesmo do histórico de metástases cerebrais.

Tal eficácia veio à custa de uma incidência aumentada de efeitos colaterais, com 99% das pacientes avaliadas apresentando algum tipo de evento adverso (EA), e até 57% delas desenvolvendo eventos grau 3 ou superior. Os principais EAs registrados foram neutropenia, linfopenia, náusea, anemia e fadiga, alterações que levaram aproximadamente 15% dos indivíduos analisados no estudo a suspender o tratamento. Dentre os eventos adversos potencialmente graves, 25 casos de doença intersticial pulmonar (DIP) foram levantados, tendo havido 5 mortes relacionadas a essa entidade. Essa letalidade não desprezível de DIP levou à recomendação de monitoramento frequente de pacientes em uso de T-DXd para essa condição, com avaliação da pneumologia e exames de imagem direcionados sendo encorajados em caso de suspeita de envolvimento pulmonar durante o tratamento.

O T-DXd vem para suprir a necessidade de pacientes e oncologistas, que se viam, até então, sem opções de tratamento dirigido, uma vez que houvesse desenvolvimento de resistência às drogas anti-HER2 atualmente disponíveis. Essa medicação traz, como agente citotóxico, um inibidor da topoisomerase 1 ligado a anticorpo monoclonal anti-HER2, e conta com oito moléculas desse agente, duas vezes mais do que o número de moléculas citotóxicas presentes no T-DM1, o que pode explicar sua expressiva atividade antineoplásica.

Esses resultados animadores somam-se aos dados prévios que levaram a agência regulatória americana Food and Drug Administration (FDA) a conceder status de revisão prioritária ao T-DXd em outubro de 2019. Essa pode se tornar uma nova alternativa terapêutica no cenário de câncer de mama HER2+ metastático, mas a comparação dessa medicação aos esquemas padrão em um estudo de fase III ainda é aguardada.

O estudo foi publicado simultaneamente à sua apresentação no NEJM.

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