O quimioterápico paclitaxel há décadas se consagra como uma das terapias mais empregadas no cenário de câncer de mama. Apesar do seu benefício em sobrevida, esta não é desacompanhada de toxicidade sendo a neuropatia periférica uma das mais importantes. Alguns autores atribuem que o pico de concentração do paclitaxel endovenoso seria o fator responsável pela neurotoxicidade e, diante desta argumentação além de outros interesses pragmáticos, se levanta o interesse de desenvolvimento de formulação oral de paclitaxel.
Conforme estudo clínico de fase 3, aberto, apresentado hoje no San Antonio Breast Cancer Symposium 2019, pesquisadores recrutaram 402 pacientes com câncer de mama apresentação metastática e com uma randomização 2:1 pacientes receberam no braço experimental 205mg/m2 de paclitaxel oral + encequidar (um inibidor de glicoproteina-P capaz de absorver paclitaxel para corrente sanguínea) por 3 dias em uma semana (265 pacientes ) ou no braço controle 175mg/m2 de paclitaxel endovenoso a cada 3 semanas (137 pacientes)
O objetivo primário deste estudo foi avaliação de taxa de resposta radiológica em duas avaliações consecutivas por uma instituição radiológica independente e cega. Objetivos secundários foram sobrevida livre de progressão e sobrevida global.
Os resultados demonstraram que 35,8% do grupo de paclitaxel oral + encequidar apresentaram taxa de resposta em comparação com 23,4% na formulação endovenosa (p=0,011). Por intenção de tratar (excluindo pacientes que tiveram tratamento insuficiente ou tumores com limitação para avaliação de resposta em revisão central independente) as taxas de respostas são de 40,4% e 25,6%, respectivamente (p=0,005).
A duração de resposta também favoreceu a formulação oral. Daqueles que responderam com paclitaxel oral, 51% apresentaram duração de resposta além de 150 dias quando comparado com 38% na formulação endovenosa. Quanto a incidência de eventos adversos houve maiores taxas de neutropenia, infecção e efeitos colaterais gastrointestinais com a combinação de paclitaxel oral e encequidar porém com menor número de eventos de neuropatia (17% vs 57%).
Sobre a análise de sobrevida livre de progressão, pacientes com paclitaxel oral apresentaram mediana de 9,3 meses comparado com 8,3 meses de paclitaxel endovenoso enquanto que
para sobrevida global a mediana foi de 27,9 meses no primeiro grupo enquanto que para o segundo foi de 16,9 meses.
Frente a estes achados, paclitaxel oral surge como uma alternativa aceitável suprindo uma demanda específica de pacientes com dificuldade de acesso venoso ou desejo de terapia em domicílio. Tanto em outras neoplasias com em associação com outros quimioterápicos, o paclitaxel oral ainda deve ser avaliado.
Algumas limitações devem ser levantadas como a inviabilidade de cegamento na instituição de atendimento e, segundo os autores, o poder estatístico limitado somente para objetivo primário e não para os secundários.
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