3 min. de leituraEstudo foi publicado semana passada na revista The Lancet Haematology
Na última semana, a revista The Lancet Haematology publicou um plano estratégico, desenvolvido por um grupo chinês, para a gestão de surtos de COVID-19 em departamentos de hematologia e oncologia pediátricos de hospitais, com foco principalmente em estratégias de prevenção e controle de infecção.
O primeiro caso confirmado da doença em criança com leucemia linfocítica foi reportado em março, na China. Crianças com neoplasias hematológicas podem ter maior suscetibilidade a infecção por SARS-CoV-2 devido à imunodeficiência e, por isso, publicações como essa são relevantes no atual cenário.
De acordo com a estratégia sugerida, as primeiras ações devem ser:
- Manter a equipe médica atualizada e procurar, regularmente, novos casos em seus departamentos;
- Estabelecer um comitê de especialistas no hospital para tomar decisões multidisciplinares, incluindo pneumologistas, infectologistas, hematologistas, oncologistas, radiologistas, farmacêuticos e equipe de controle de infecção hospitalar;
- Criar diferentes zonas dentro do hospital, para reduzir a incidência de infecção cruzada e para rastrear pacientes potencialmente infectados.
Prevenção e Controle nos Ambulatórios
- Consultas devem ser agendadas com antecedência;
- Uma equipe de triagem (você pode conferir o fluxograma na publicação original) deve fornecer máscaras, investigar histórico epidemiológico e registrar os sintomas e a temperatura;
- Somente pacientes com doença grave que requer tratamento urgente e aqueles cuja quimioterapia não pode ser adiada devem ser admitidos no setor de hematologia/oncologia.
Internação
- Cada paciente pediátrico deve ter somente um acompanhante;
- Após a internação, os pacientes devem cumprir rigorosamente as regras relevantes, crianças e cuidadores não podem sair da enfermaria e a temperatura corporal deve ser monitorada e registrada diariamente.
Quimioterapias
- Para pacientes com quimioterapia planejada, é recomendado que, durante a indução de leucemias agudas, a quimioterapia programada não seja interrompida, a menos que COVID-19 seja suspeita ou diagnosticada;
- Como o SARS-CoV-2 tem um período de incubação de 2 a 7 dias, recomenda-se um atraso no tratamento não superior a 7 dias para permitir um curto período de observação para crianças potencialmente infectadas;
- Para as fases de consolidação e intermediária da quimioterapia, o tratamento não deve ser adiado por mais de 7 dias para pacientes com leucemias agudas;
- Para pacientes com linfoma e outros tumores sólidos, recomenda-se que sejam tratados em enfermarias hematológicas e oncológicas de acordo com a quimioterapia planejada, e sem atraso, até que estejam em remissão completa;
- Após remissão completa, recomenda-se um atraso no tratamento não superior a 7 dias;
- Por fim, recomenda-se que os pacientes em remissão, em quimioterapia de manutenção, adiem o tratamento por não mais de 14 dias. Esse aumento no atraso máximo antes da quimioterapia se deve ao risco reduzido de recorrência do tumor nestes pacientes.
Crianças com distúrbios hematológicos devem ser consideradas potencialmente infectadas com SARS-CoV-2 se houver critérios epidemiológicos ou quaisquer critérios clínicos. Essas recomendações devem ser atualizadas continuamente com evidências clínicas acumuladas e aumento do conhecimento sobre o COVID-19 ao longo do tempo.
Saiba mais:
Liu, W, Zhang, Q, Chen, J et al. Detection of Covid-19 in children in early January 2020 in Wuhan, China. N Engl J Med. 2020; (published online March 12.)