Eventos adversos imuno-relacionados são recorrentes em 28,8% dos pacientes com câncer após reexposição à imunoterapia - Oncologia Brasil

Eventos adversos imuno-relacionados são recorrentes em 28,8% dos pacientes com câncer após reexposição à imunoterapia

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O resultado pode orientar oncologistas e demais profissionais quanto ao monitoramento adequado dos pacientes que foram reexpostos aos inibidores de correceptor imune (ICI)

Um estudo publicado no JAMA Oncology, que utilizou o banco de dados VigiBase da Organização Mundial de Saúde (OMS) para análise de farmacovigilância, demonstrou que os mesmos eventos adversos imuno-relacionados (irAEs) associados à descontinuação da imunoterapia em pacientes com câncer ocorreram em 28,8% desses indivíduos reexpostos ao mesmo inibidor de correceptor imune (check point inhibitors).

O estudo é uma coorte observacional, transversal e de farmacovigilância. Buscou-se identificar os irAEs associados às reexposições aos inibidores de correceptor imune (ICIs) – as mencionadas nos casos – e os irAEs associados a reexposição informativa, ou seja, aquelas com valores de recorrência da mesma reação ou sem a recorrência.

Dessa forma, o desfecho primário foi a taxa de recorrência de irAEs após a reexposição aos ICIs. Os desfechos secundários incluíram: fatores associados à recorrência após uma reexposição aos ICI dentre as informativas; taxa de recorrência de acordo com o regime de ICI (monoterapia ou terapia combinada); taxa de ocorrência de um irAE diferente após uma nova reexposição.

Um total de 24.079 casos de irAEs associados a pelo menos 1 ICI foram identificados. Entre os irAEs, 7,4% (452 de 6123 irAEs) foram associadas às reexposições informativas. Foram observadas 130 recorrências do irAE inicial (28,8%; IC95% 24,8-33,1).

Na análise univariada, colite (OR 1,77; IC95% 1,14-2,75; P = 0,01), hepatite (OR 3,38; IC95% 1,31-8,74; P = 0,01) e pneumonite (OR 2,26; IC95% 1,18-4,32; P = 0,01) foram associadas à maior taxa de recorrência, enquanto os eventos adversos adrenais foram associados a uma menor taxa de recorrência (OR 0,33; IC95% 0,13-0,86; P = 0,03) em comparação com outros irAEs.

Na análise multivariada ajustando para idade, sexo, regime de ICI e tipos de irAEs, os fatores associados a um risco significativamente maior de recorrência de irAEs foram:
● Uso de terapia anti-CTLA-4 (anti–cytotoxic T-lymphocyte–associated protein 4 [OR = 3,5; P = 0,04])
● Colite (OR = 2,99; P <0,001)
● Hepatite (OR = 3,38; P = 0,01)
● Pneumonite (OR = 2,26; P = 0,01).

Portanto, a taxa de recorrência de 28,8% de irAE à reexposição ao ICI pode orientar os oncologistas e demais profissionais envolvidos no cuidado quanto ao monitoramento adequado dos pacientes que foram reexpostos aos ICI, identificando precocemente e tratando os efeitos tóxicos.

Referência:
Dolladille C, Ederhy S, Sassier M, Cautela J, Thuny F, Cohen AA, Fedrizzi S, Chrétien B, Da-Silva A, Plane AF, Legallois D. Immune Checkpoint Inhibitor Rechallenge After Immune-Related Adverse Events in Patients With Cancer. JAMA oncology. 2020 Apr 16. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32297899

https://www.ascopost.com/news/april-2020/recurrence-of-iraes-after-checkpoint-inhibitor-rechallenge-in-patients-with-cancer/

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