Balstilimabe com ou sem a combinação de zalifrelimabe demonstrou taxas de resposta objetivas promissoras, independentemente da expressão de PD-L1, oferecendo esperança renovada para os pacientes que têm opções de tratamentos limitadas
O maior estudo até o momento de eficácia de inibidores de correceptores imunes em pacientes com câncer cervical recorrente ou metastático foi apresentado na ESMO 2020. Os resultados de dois ensaios de fase II independentes indicaram que o balstilimabe (AGEN2034, inibidor PD-1) em monoterapia ou em combinação com o zalifrelimabe (AGEN1884, inibidor CTLA-4) demonstrou taxas de resposta objetiva (TRO) promissoras, independentemente da expressão de PD-L1, e um perfil de segurança tolerável nesse perfil de pacientes.
O primeiro ensaio de fase II (NCT03104699), de braço único, avaliou o balstilimabe em monoterapia a uma dose de 3 mg/kg a cada 2 semanas, enquanto o segundo estudo (NCT03495882) explorou o inibidor de PD-1 na mesma dosagem, porém em combinação com zalifrelimabe na dose de 1 mg/kg a cada 6 semanas.
Ambos recrutaram pacientes com câncer cervical recorrente ou metastático, cuja histologia correspondia a carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma ou carcinoma adenoescamoso, que recidivaram após terapia à base de platina, doença basal mensurável e um status de desempenho ECOG de 0 ou 1. Imagem de reestadiamento foi realizada a cada 6 semanas por 2 anos.
O desfecho primário do estudo foi a taxa de resposta objetiva (TRO) por RECIST v1.1, conforme avaliado por um comitê de revisão independente. Desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), duração de resposta (DDR) e segurança. A expressão de PD-L1 foi definida pelo CPS (combined positive score), sendo positiva se ≥ 1%.
O balstilimabe de agente único resultou em uma taxa de resposta objetiva de 14%. Quando explorado em combinação com zalifrelimab, a taxa de resposta objetiva foi para 22%. Além disso, a duração de resposta mediana foi de 15,4 meses com balstilimabe em monoterapia e não foi alcançada quando usado em combinação.
Em relação à segurança, o tratamento foi considerado bem tolerado em ambos os estudos e nenhum novo sinal de segurança foi identificado, com disfunção endócrina de todos os graus sendo mais comum com a combinação em comparação a balstilimabe monoterapia (20,6% versus 9,3%, respectivamente). Distúrbios gastrointestinais ocorreram em 8,4% e 5,6%, bem como anormalidades laboratoriais (11,6% versus 5,6%) e distúrbios endócrinos (18,7% versus 5,0%). Os efeitos adversos relacionados ao tratamento imunológico de grau 3 ou superior foram distúrbios gastrointestinais (2,6% versus 3,1%), anormalidades laboratoriais (3,9% versus 1,2%) e distúrbios da pele e do tecido subcutâneo (1,9% versus 0,6%), confirmando que a combinação dos inibidores de correceptores imunes aumenta a prevalência de eventos adversos imunorrelacionados.
Segundo o investigador principal Dr. David O’Malley, MD, professor de obstetrícia e ginecologia na Ohio State University College of Medicine, este é de longe o maior estudo relatado que avaliou a eficácia de inibidores de correceptores imunes em pacientes com câncer cervical recorrente ou metastático. Esses resultados demonstram que tanto o balstilimabe de agente único quanto a combinação balstilimabe / zalifrelimabe são eficazes e bem tolerados no tratamento de segunda linha de pacientes com câncer cervical recorrente / metastático.
Os autores concluem que diante dos dados limitados para tratamento do câncer de colo uterino recorrente ou metastático, tanto o balstilimabe em monoterapia quanto a combinação de balstilimabe mais zalifrelimabe são opções promissoras de tratamento a essa população de pacientes.
Referência:
O’Malley DM, Oaknin A, Monk B, et al. Single-agent anti-PD-1 balstilimab or in combination with anti-CTLA-4 zalifrelimab for recurrent/metastatic (R/M) cervical cancer (CC): Preliminary results of two independent phase II trials. Presented at: 2020 ESMO Congress; September 19-21, 2020; virtual. Abstract LBA34.
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