Epcoritamabe demonstra perfil de segurança favorável e eficácia substancial em pacientes com linfoma não Hodgkin intensamente pré-tratados - Oncologia Brasil

Epcoritamabe demonstra perfil de segurança favorável e eficácia substancial em pacientes com linfoma não Hodgkin intensamente pré-tratados

4 min. de leitura

Foram destacados na apresentação da ASH 2020 especialmente os dados de escalonamento de dose 

 

Resultados iniciais de um estudo aberto de fase 1/2 (NCT03625037) demonstraram um perfil de segurança encorajador do epcoritamabe, um anticorpo biespecífico administrado que se liga simultaneamente ao CD3 nas células T e ao CD20 nas células B. Também mostraram uma potente atividade clínica de agente único, mesmo em doses baixas, nos pacientes intensamente pré-tratados com B-NHL com doença recidivada ou refratária. Na apresentação durante o 62º Congresso Anual da ASH, foram destacados especialmente os dados de escalonamento de dose, incluindo resultados iniciais para a dose de fase 2 recomendada de 48 mg (RP2D) e para pacientes com linfoma de células do manto (MCL). 

Apesar dos avanços no tratamento do linfoma não-Hodgkin de células B (B-NHL), terapias mais eficazes, menos tóxicas e disponíveis no mercado são necessárias para pacientes com doença recidiva ou refratáriaO epcoritamabe é um novo anticorpo biespecífico administrado por via subcutânea (SC) que se liga simultaneamente ao CD3 nas células T e ao CD20 nas células B, induzindo ativação e atividade citotóxica das células T para matar as células alvo do linfoma. 

Adultos com B-NHL CD20+ recidivado ou refratário após a terapia prévia, incluindo um anticorpo monoclonal anti-CD20, recebem uma injeção subcutânea de 1 mL de epcoritamabe dose reduzida em ciclos de 28 dias (1x por semana: ciclos 1–2; 2x por semana: ciclos 3-6; 4x por semana daí em diante) até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável. A redução do risco para a síndrome de liberação de citocinas (SLC) incluiu a administração de doses iniciais e intermediárias, assim como uso de corticosteroides. Os objetivos incluíram a determinação da dose, segurança e atividade antitumoral. 

Em 6 de julho de 2020, 67 pacientes foram inscritos, sendo 45 (67%) com linfoma difuso de grandes células B (DLBCL), 12 (18%) com linfoma folicular (LF) e 4 (6%) com linfoma de células de manto (LCM). 

Os pacientes foram fortemente pré-tratados, com uma média de 3,0 linhas anteriores nos indivíduos com DLBCL e 4,5 aos com LF. No total, seis pacientes receberam terapia CAR-T prévia. Mais da metade dos indivíduos (55%) eram refratários à terapia sistêmica mais recente e 52% eram refratários à terapia mais recente com anticorpo monoclonal anti-CD20. 

Em um acompanhamento médio de 8,3 meses, o tratamento segue em andamento para 25 pacientes (37%). Epcoritamabe foi bem tolerado e não houve interrupções devido a eventos adversos (EAsrelacionados. Os EAs emergentes do tratamento (TEAEs) mais comuns foram pirexia (70%), reações locais da injeção (48%) e fadiga (45%). Com doses aumentadas, TEAEs de interesse especial foram consistentes com relatórios anteriores: os eventos de SLC foram todos de grau 1 ou 2 (58%), sem eventos de grau 3 ou 4 de SLC. Neurotoxicidade limitada também foi observada (6% no total, sendo 3% grau 1 e 3% grau 3; todos transitórios). Não houve toxicidade limitante da dose ou eventos de neutropenia febril. Nenhuma morte devido a EAs relacionados ao tratamento foi observada. 

Em 18 pacientes com DLBCL recebendo epcoritamabe ≥ 12 mg, a taxa de resposta objetiva (TRO) foi de 66,7%, com seis indivíduos alcançando uma resposta completa (RC). Dos 7 pacientes que receberam epcoritamabe ≥ 48 mg (48 mg RP2D n = 4; 60 mg n = 3), todos obtiveram uma resposta, incluindo RC em 2 pacientes (28,6%) com acompanhamento limitado. 

Todos os pacientes com DLBCL que foram previamente tratados com terapia CAR-T obtiveram uma resposta (2 RC e 2 respostas parciais [RP]). A TRO foi de 100% para os 8 pacientes com LF recebendo epcoritamabe ≥ 0,76 mg, com 2 indivíduos atingindo RC (PETs não eram obrigatórios e a avaliação da doença por PET não estava disponível em 4 dos 6 pacientes que alcançaram uma RP).  

Dos quatro indivíduos com LCM, as respostas foram observadas em dois pacientes com LCM variante blastóide (1 RC; 1 RP). Os dados sobre a duração da resposta ainda não estão maduros. 

Os autores concluem que epcoritamabe, um novo anticorpo monoclonal biespecífico de administração subcutânea, demonstra um perfil de segurança consistente e favorável, sem eventos de SLC de grau ≥ 3 nem neurotoxicidade limitantes, apoiando a facilidade do manejo e administração ambulatorial. Dados de acompanhamento mais longo são altamente encorajadores, com eficácia do agente único substancial, incluindo RC em pacientes intensamente pré-tratados com LF, LCM e DLBCL. 

  

Referência: 

Hutchings M, et al. Subcutaneous Epcoritamab Induces Complete Responses with an Encouraging Safety Profile across Relapsed/Refractory B-Cell Non-Hodgkin Lymphoma Subtypes, Including Patients with Prior CAR-T Therapy: Updated Dose Escalation Data. Abstract 402. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.  

 

 

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