O estudo de fase 1/2 CHRYSALIS demonstrou a segurança e a atividade antileucêmica do gilteritinibe em uma população com leucemia mieloide aguda (LMA) refratária/recidivada (R/R) com mutação FLT3. Já o estudo ADMIRAL de fase 3 demonstrou a superioridade de gilteritinibe em relação à quimioterapia de resgate (QTr) em pacientes com mutação FLT3 de acordo com o ganho de sobrevida global (SG): 9,3 versus 5,6 meses; HR = 0,64.
A eficácia de gilteritinibe em pacientes com uso prévio de inibidores da tirosina quinase (TKI), no entanto, não está claramente definida. No 62º Congresso Anual da ASH, os investigadores buscaram determinar, portanto, se a terapia prévia com TKI afetou a resposta e a sobrevida nesses dois estudos.
Foram analisados retrospectivamente os desfechos clínicos em pacientes com LMA R/R previamente tratados com os TKIs, midostaurina ou sorafenibe, antes de receber 120 ou 200 mg de gilteritinibe no estudo CHRYSALIS, ou antes de 120 mg de gilteritinibe no estudo ADMIRAL. Pacientes randomizados para QTr no estudo ADMIRAL também foram avaliados. Os do CHRYSALIS receberam pelo menos uma linha anterior para tratamento da LMA, enquanto os do ADMIRAL receberam apenas uma linha prévia.
Dos 145 pacientes com mutação FLT3 que receberam 120 ou 200 mg de gilteritinibe no estudo CHRYSALIS, 33 (23%; 120 mg, n = 15; 200 mg, n = 18) receberam um TKI prévio (todos receberam sorafenibe). As características basais entre os pacientes que receberam (n = 33) ou não receberam TKIs prévios (n = 112) foram semelhantes. A idade média foi de 56 e 61 anos, respectivamente.
As taxas de remissão completa composta (RCc) foram semelhantes em pacientes que receberam TKIs previamente (42%; n = 14/33) e naqueles que não receberam (43%; n = 48/112). Entre os pacientes que receberam TKIs prévios, as taxas de RCc foram 53% (n = 8/15) no grupo de 120 mg e 33% (n = 6/18) no de 200 mg. As taxas de RCc em pacientes que não receberam TKIs anteriormente foram semelhantes entre os grupos de dose 120 e 200 mg (44% [n = 18/41] e 42% [n = 30/71], respectivamente). Entre os pacientes tratados com TKIs prévios nos grupos de dose 120 ou 200 mg (n = 33), a maioria (73%; n = 24) recebeu ≥ 3 linhas de qualquer terapia prévia para LMA.
No estudo ADMIRAL de fase 3, 13% pacientes com LMA R/R com mutação FLT3 no braço de gilteritinibe e 11% no braço de QTr haviam recebido TKIs prévio. As características demográficas e basais foram bem equilibradas entre os braços de tratamento e, também, foram semelhantes entre os pacientes tratados (n = 45) e os não tratados (n = 326) anteriormente com TKI. A idade média foi de 57 e 62 anos, respectivamente.
Entre os pacientes previamente tratados e não tratados com TKI, os tipos de mutação FLT3 nos braços de gilteritinibe e QTr foram: FLT3-ITD (71% versus 93% e 89% versus 91%, respectivamente), FLT3-TKD (16% versus 7% e 7% versus 8%), e FLT3-ITD e -TKD (13% versus 0 e 1% versus 0). O tipo de mutação FLT3 não foi confirmado em 5 de 326 (2%) pacientes que não receberam TKIs anteriormente (gilteritinibe versus QTr, 2% versus 1%, respectivamente).
No braço do gilteritinibe, as taxas de RCc foram comparáveis em pacientes que receberam e não receberam TKIs prévios. Taxas mais baixas de RCc foram observadas no braço QTr em ambos os grupos.
A SG mediana em pacientes tratados com TKIs anteriores, embora não estatisticamente significativa, permaneceu alta em pacientes tratados com gilteritinibe versus QTr (6,5 versus 4,7 meses, respectivamente; HR = 0,671). Em pacientes que não receberam TKIs anteriores, a SG mediana foi de 9,6 meses no braço de gilteritinibe e 6,0 meses no braço de SC (HR = 0,625).
Os autores concluem que os pacientes com LMA R/R que receberam TKIs (midostaurina ou sorafenibe) previamente foram capazes de alcançar a remissão com gilteritinibe. Altas taxas de resposta com gilteritinibe foram observadas em pacientes com mutação FLT3 fortemente pré-tratados no estudo CHRYSALIS que receberam TKIs anteriores. Taxas de resposta mais altas com gilteritinibe do que com QTr foram observadas em pacientes previamente tratados com TKI com mutações FLT3 no estudo ADMIRAL.
Referências:
Perl AE, et al. Clinical Outcomes in Patients with Relapsed/Refractory Acute Myeloid Leukemia Treated with Gilteritinib Who Received Prior Midostaurin or Sorafenib. Abstract 334. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.
Peri, AE et al. Final Results of the Chrysalis Trial: A First–in-Human Phase 1/2 Dose-Escalation, Dose-Expansion Study of Gilteritinib (ASP2215) in Patients with Relapsed/Refractory Acute Myeloid Leukemia (R/R AML). Blood, 2016, 128(22):1069
Perl AE, Martinelli G, Cortes JE, et al: Gilteritinib or chemotherapy for relapsed or refractory FLT3-mutated AML. N Engl J Med 381:1728-1740, 2019.
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