Fulvestranto no câncer de mama avançado receptor hormonal positivo HER-2 negativo - Oncologia Brasil

Fulvestranto no câncer de mama avançado receptor hormonal positivo HER-2 negativo

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Dra. Débora Gagliato, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta sobre os avanços no tratamento do câncer de mama avançado receptor hormonal positivo HER-2 negativo.

Os desfechos de sobrevida desse subtipo de câncer de mama estão claramente melhorando, segundo a oncologista, com uma sobrevida global mediana que ultrapassa os 45 meses.

Todos os guidelines europeus e americanos recomendam terapia endócrina (hormonioterapia) como tratamento de escolha no cenário de doença avançada, exceto em casos raros de crise visceral, para os quais a quimioterapia deve ser, então, utilizada.

O uso do fulvestranto foi avaliado no ensaio clínico FALCON, primeiro estudo randomizado, duplo-cego e multicêntrico que incluiu pacientes virgens de tratamento endócrino. Elas foram randomizadas entre anastrozol versus fulvestratno como hormonioterapia de primeira linha.

Os resultados indicaram sobrevida livre de progressão significativamente maior nas pacientes que receberam fulvestranto. A superioridade do medicamento em relação ao anastrozol levou os pesquisadores a concluírem que o fulvestranto é, portanto, a melhor opção para pacientes com câncer de mama avançado RH+ que não receberam terapia endócrina prévia.

O padrão de tratamento atual para o câncer de mama avançado ER+/HER-2 negativo combina a terapia endócrina com inibidor de ciclina 4/6 (iCDK 4/6), como palbociclibe. Essa associação resultou em maior sobrevida livre de progressão do que estratégias de hormonioterapia isolada.

O estudo que avaliou o palbociclibe em linha de tratamento de câncer de mama avançado randomizou as pacientes para receber fulvestranto e letrozol. As duas drogas performaram de maneira muito semelhante e, segundo a oncologista, por esse motivo, o fulvestranto deve ser reservado para o uso em 2ª linha, após progressão ao inibidor de aromatase ou iCDK 4/6.

Já os estudos PALOMA e PALOMA 2 ratificaram a atividade de palbociclibe em câncer de mama avançado ER+/ HER-2 negativo, inclusive avaliando o benefício clínico e a segurança da combinação de palbociclibe e letrozol, mostrando que o acréscimo do iCDK 4/6 foi capaz de reduzir em aproximadamente em 50% o risco de morte ou progressão. No PALOMA-3 foi avaliada a associação entre palbociclibe e fulvestranto, com foco em uma população de pacientes com doença resistente. A investigação revelou uma importante redução do risco de progressão da doença ou morte (da ordem de 50%) em mulheres com câncer de mama metastático do tipo ER+ e HER2- que fizeram uso da associação dos medicamentos.

Dra. Débora Gagliato resume que o uso de terapia endócrina na doença avançada ER+/HER-2 negativo é importante e o tratamento hormonal é o padrão em detrimento da quimioterapia. Além disso, o uso de iCDK 4/6 combinado ao inibidor de aromatase é o padrão em linha e, em caso de progressão da doença, o fulvestranto pode ser muito opção em combinação com outras drogas alvos a depender do status de mutação PIK3. Para esses casos em que há mutação somática em PIK3, a combinação de alpelisibe com fulvestranto se mostrou superior, de acordo com a avaliação do estudo SOLAR-1.

Como conclusão, a especialista afirma que o fulvestranto é uma droga muito importante, que age independe do status de mutação e que, em combinação com iCKD 4/6 (palbociclibe), mostra um efeito sinérgico com desfechos de sobrevida robustos em contexto de 2ª linha naqueles pacientes que progrediram à quimioterapia ou à terapia endócrina com inibidores de aromatase previamente. 

 

Referências: 

Abstract for LBA14_PR – FALCON: a phase III randomized trial of fulvestant 500 mg versus anastrozole for hormone receptor-positive advanced breast cancer. 

Robertson JFR, Bondarenko I, Trishkina E, et al. Lancet. 2016; 388: 2997-3005 

Cristofanilli M, et al. Lancet Oncol 2016;17(4):42539 

http://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045(15)00613-0/abstract 

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1607303 

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