Especialistas falam sobre os desafios e novidades no diagnóstico e tratamento desse tipo de tumor
O Oncoginecologia em Foco é um programa educacional 100% online e gratuito destinado à classe médica. Dra. Filomena Carvalho, médica patologista e professora associada do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Profª. Dra. Maria Del Pilar, livre docente em Oncologia pela FMUSP e diretora do corpo clínico e coordenadora de Oncologia Clínica do ICESP, e Dra. Angélica Nogueira, oncologista clínica, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, debateram, na primeira sessão ao vivo, sobre câncer de ovário.
Dra. Filomena Carvalho abriu a sessão comentando os desafios para a individualização da terapia contra os tumores de ovário e a importância de analisar o microambiente. “Quando você vê o comportamento biológico dos tumores, podemos citar duas características: os microambientes e a alteração genômica. Ambos têm impacto na sobrevida dos cânceres ovarianos”, relatou.
Ao compreender os mecanismos de carcinogênese e determinar as características neoplásicas, é possível escolher o tratamento mais eficaz. Uma das ferramentas inovadoras para ajudar nesse processo é a cultura de organoides 3D. “Eles auxiliam na testagem de drogas novas, compreensão da resposta à quimioterapia, criação de biobancos e visualização gênica dos tumores”, informou a professora.
Em seguida, Dra. Maria Del Pilar falou sobre o que levar em conta, em relação ao estadiamento, para as decisões terapêuticas. A oncologista apresentou os dados de incidência do câncer de ovário na população, destacando que a maioria das pacientes é diagnosticada em estágios avançados.
Ela pontuou a necessidade de, no momento da detecção, definir os fatores de risco de recidiva para decidir quais pacientes necessitarão de quimioterapia e em qual intensidade. “Para fazer uma avaliação detalhada e dirigir o tratamento é muito importante que tenhamos o tecido para fazer a análise. Nos dias de hoje, é muito difícil tratar uma paciente com base, exclusivamente, na citologia oncológica de uma punção de líquido ascítico. Ela vai dar poucas informações e gerar muitas dúvidas”, afirmou.
Antes de abrir espaço para perguntas dos participantes, Dra. Angélica Nogueira encerrou as apresentações falando sobre os desafios de conduzir a terapia do câncer de ovário detectado em estágios avançados. A especialista trouxe dados sobre a prevalência do na população mundial e brasileira, lembrando que a quantidade de mulheres diagnosticadas nos estágios III e IV, no Brasil, é similar à de países desenvolvidos.
Ela também abordou o tratamento frontline, na doença recidivada platino sensível, as complicações clínicas e a oncogenética. E mencionou, como destaque, a importância de uma cirurgia de qualidade, de uma classificação molecular adequada, do acesso a medicamentos e da comunicação clara entre médicos.
“Acho que o primeiro passo para a boa condição da paciente é atuar em conjunto. Ginecologistas, cirurgiões, oncologistas, mais do que cooperar, devemos ter um ‘co-pensamento“, concluiu.
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