A maioria dos cânceres de mama exibe baixa infiltração por linfócitos T e não responde satisfatoriamente aos inibidores de correceptores imunes, levando à necessidade de novas estratégias terapêuticas que atuem nos mecanismos de ativação imunológica anti-tumoral
O RANK (receptor activator of nuclear factor kappa-Β) e seu ligante RANKL apresentam potencial imunomodulador. Dados prévios demonstraram que os inibidores da via RANK, como o denosumabe, usado para o tratamento de metástases ósseas, podem prevenir e/ou tratar o câncer de mama, atuando também na regulação imune do microambiente tumoral. No entanto, a população de pacientes com câncer de mama que se beneficiaria do denosumabe ainda precisa ser identificada.
Nesse sentido, durante o ESMO Breast Cancer 2021, foram apresentados os resultados preliminares do D-BIOMARK (NCT03691311), um ensaio clínico randomizado de biomarcador, projetado para testar a atividade antitumoral do denosumabe em pacientes com câncer de mama inicial candidatas à cirurgia.
Foram incluídas pacientes com câncer de mama HER2-negativo em estadio inicial e randomizadas na proporção 2:1 para denosumabe ou controle (sem tratamento). O braço experimental recebeu um total de duas doses (uma por semana) de denosumabe 120mg por via subcutânea antes da cirurgia (programada para ocorrer entre duas a quatro semanas após).
Os desfechos primários incluíram as alterações na proliferação de células tumorais por Ki67 (analisado por imunohistoquímica) e sobrevida celular por caspase 3 clivada. Foram também avaliados os linfócitos infiltrantes de tumor estromal quantificados na hematoxilina e eosina entre a amostra de biópsia (baseline) e a peça cirúrgica.
Resultados
Os investigadores apresentaram os resultados dos primeiros 36 pacientes inscritos de um total de 60. As características clínicas e tumorais foram bem equilibradas entre os grupos. Nenhuma toxicidade relevante foi relatada.
Não foram observadas diferenças clinicamente significativas no Ki67 e na caspase-3 clivada após o tratamento com denosumabe. Curiosamente, um aumento estatisticamente significativo de linfócitos infiltrantes tumorais foi observado no grupo tratado com denosumabe (p = 0,03), mas não no grupo controle (p = 0,80). Observou-se que 33% dos pacientes tratados com denosumabe mostraram um aumento ≥ 10% de linfócitos infiltrantes tumorais versus 0% no grupo controle (p = 0,05).
De acordo com os autores, os dados preliminares sugerem que o uso de curto prazo do denosumabe neoadjuvante aumenta a quantidade de linfócitos infiltrantes tumorais.
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