O estudo GOG-0218 estabeleceu a adição de bevacizumabe 15mg/kg a cada três semanas por 15 meses à quimioterapia padrão para o tratamento do câncer de ovário avançado, mas a duração ideal de bevacizumabe permaneceu desconhecida até então
Durante o Congresso Mundial da ASCO 2021, foi apresentado o ENGOT/GCIG (NCT01462890), um estudo de fase III, aberto, randomizado e multicêntrico, que avaliou a duração ideal de tratamento com bevacizumabe (BEV) combinado a carboplatina e paclitaxel em pacientes com câncer de ovário epitelial, trompa de Falópio ou primário de peritôneo.
As pacientes elegíveis com estádios FIGO IIB a IV e ECOG ≤ 2 foram submetidas à cirurgia citorredutora primária seguida por 6 ciclos de quimioterapia (paclitaxel 175 mg/m2 + carboplatina AUC 5 a cada 3 semanas) e BEV (15 mg/kg a cada 3 semanas). As pacientes foram randomizadas para receber BEV por 15 meses (braço padrão BEV15) ou 30 meses (braço experimental BEV30).
O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador de acordo com RECIST v1.1. Os desfechos secundários foram sobrevida global (SG), taxa de resposta objetiva (TRO), qualidade de vida, segurança e tolerabilidade. O ensaio foi projetado com 80,2% de poder para detectar um hazard ratio de 0,66 favorecendo BEV30 após 697 eventos de SLP.
Resultados:
De novembro de 2011 a agosto de 2013, 927 mulheres (83% com câncer de ovário epitelial) de 161 centros foram randomizadas. As características da linha de base foram equilibradas entre os braços; a idade média foi de 61 anos, 96% tinham ECOG 0 a 1, 58% não tinham tumor residual e 77% apresentavam histologia serosa de alto grau.
Eventos adversos graves de especial interesse para BEV ocorreram em 51 de 448 (11%) versus 61 de 442 (14%) participantes recebendo BEV15 versus BEV30, respectivamente, sendo os mais frequentes hipertensão (2,7%/4,5%), evento tromboembólico (2,2%/3,2%), fístula (3,1%/1,1%), perfuração gastrointestinal (0,2%/0,9%), proteinúria (0,7%/1,4%), hemorragia (0,2%/0,9%) e infarto do miocárdio (0%/1,1%).
A mediana de SLP para BEV15 foi de 24,2 meses versus 26 meses para BEV30 (HR 0,99; IC 95% 0,85 – 1,15; p = 0,90) e a mediana de SG foi de 54,3 versus 60 meses, respectivamente (HR 1,04; IC 95% 0,87 – 1,23; p = 0,68), ambas não sendo estatisticamente significativas.
Os pesquisadores concluem que o tratamento mais longo com bevacizumabe por até 30 meses não melhora a SLP nem a SG em pacientes com câncer epitelial de ovário, trompa de Falópio ou primário de peritôneo. Portanto, a duração do tratamento com bevacizumabe por 15 meses continua sendo o tratamento padrão.
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Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
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