Atualmente, o câncer testicular é uma doença altamente curável. Dada a longa expectativa de vida dessa jovem população de pacientes, a avaliação do impacto do tratamento oncológico torna-se cada vez mais importante
Em agosto de 2021, foi publicado no Journal of Clinical Oncology um estudo que investigou a mortalidade não câncer específica com o impacto do tratamento com quimioterapia à base de platina ou radioterapia em homens com neoplasias testiculares.
Ao todo, 5707 pacientes identificados pelo Registro de Câncer da Noruega com diagnóstico de câncer de testículo de 1980 a 2009 foram incluídos neste estudo de coorte de base populacional. O acompanhamento médio foi de 18,7 anos, período no qual mortes não câncer de testículo específicas foram registradas para 665 (12%) homens. Foram calculadas as taxas de mortalidade padronizadas (TMPs); o excesso de riscos absolutos [(número observado de mortes – número esperado de mortes) ÷ pessoa-ano de observação] × 10.000; e os hazard ratios (HRs).
A mortalidade não câncer de testículo específica foi de 23% (taxa de mortalidade padronizada [TMP] = 1,23; IC 95% 1,14 a 1,33; excesso de risco absoluto [ERA] = 11,14) em comparação à população geral, com riscos aumentados após quimioterapia à base de platina (TMP 1,23; IC 95%, 1,07 a 1,43; ERA 7,68) e radioterapia (TMP 1,28; IC 95% 1,15 a 1,43; ERA 19,55).
Observou-se maior mortalidade não câncer de testículo específica em pacientes menores de 20 anos de idade ao diagnóstico (TMP 2,27; IC 95% 1,32 a 3,90; ERA 14,42). A causa mais importante de óbito foi o segundo câncer não relacionado à neoplasia testicular, com uma taxa de mortalidade padronizada de 1,53 (IC 95% 1,35 a 1,73; ERA 7,94), com riscos aumentados após quimioterapia à base de platina e radioterapia. A mortalidade geral não câncer de testículo específica aumentou 15% (TMP 1,15; IC 95%, 1,04 a 1,27; ERA 4,71). Inclusive, observou-se aumento de suicídios após quimioterapia à base de platina (TMP 1,65; IC 95% 1,01 a 2,69; ERA 1,39).
Em comparação com a cirurgia, o aumento da mortalidade não câncer de testículo específica apareceu após três (HR 1,47; IC 95% 0,91 a 2,39), quatro (HR 1,41; IC 95% 1,01 a 1,99) e > quatro (HR 2,04; IC 95% 1,25 a 3,35) ciclos de quimioterapia à base de cisplatina após um período de 10 anos de acompanhamento.
Os autores concluem que o tratamento para câncer de testículo com quimioterapia à base de platina ou radioterapia estão associados a um risco significativo de excesso de mortalidade não câncer de testículo específica, assim como maiores riscos pós 2 ciclos ou mais de quimioterapia à base de cisplatina em um período maior do que 10 anos de acompanhamento.
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