Consulta pública prevê a inclusão dos inibidores de CDK4/6 no sistema público de saúde (SUS), representando um avanço relevante no contexto do tratamento do câncer de mama HR+/HER2- avançado
No Brasil, o câncer de mama é o segundo tipo de neoplasia mais incidente entre as mulheres, excetuando os tumores de pele não melanoma, respondendo por cerca de 29,7% dos casos novos a cada ano. O grupo de pacientes com câncer de mama que expressa receptores hormonais (HR+/HER2-), é o mais prevalente, representando aproximadamente 70% dos casos. O grupo de pacientes HER2+ e o grupo chamado de triplo negativo (HR-/HER2-) representam, respectivamente, cerca de 20% e 10% das pacientes com câncer de mama. Normalmente, o câncer de mama receptor hormonal positivo se apresenta como doença localizada e é tratado com cirurgia, seguida de radioterapia e tratamento com hormonioterapia adjuvante.
Vale ressaltar ainda que, no Brasil, o câncer de mama tem maior incidência em mulheres mais jovens, população na qual, geralmente, há pior prognostico. Para os próximos anos, a expectativa é que os percentuais de diagnósticos em estágio avançado da doença sejam ainda maiores. Isso se dá em decorrência de múltiplos fatores, como, por exemplo, o impacto da COVID-19. Com a pandemia, houve uma queda significativa do número de mamografias realizadas em 2020, com a média anual de 45%. Além disso, houve uma baixa de 83% nos números de mamografias em maio de 2021. Na era pré-pandemia, pelo menos 35% dos casos de câncer de mama avançado no Brasil já eram identificados em fase avançada, com temor de cada vez mais diagnósticos em fase avançada/metastática para os próximos anos, decorrente do impacto da pandemia.
Nesse contexto, o acesso às medicações inovadoras, mais modernas e eficientes, de melhor tolerância e, muitas vezes, destinadas a pacientes com quadros mais graves, representam uma para mitigar não só o impacto da COVID-19, mas para prolongar de forma significativa o tempo de vida da paciente. As drogas inibidoras de quinases dependentes de ciclina (iCDK4/6), como exemplo o ribociclibe, mostraram em estudos clínicos uma redução de risco de morte consistente de 28% (MONALEESA-3) e 29% (MONALEESA-7), quando comparadas com a terapia hormonal isolada. No estudo MONALEESA-7, em publicação representando o seguimento de longo prazo do estudo, que foi conduzido exclusivamente em mulheres na pré e peri-menopausa, ficou demonstrado que a mediana de sobrevida global alcançada foi de 57,8 meses, o que significa dizer que a maioria das pacientes vai viver por mais de cinco anos com câncer de mama avançado, um marco inédito no tratamento de casos desse subtipo.
Os iCDK4/6 já estão consolidados na prática clínica, sendo considerados um importante marco para o tratamento das pacientes com câncer de mama HR+/HER2- localmente avançado ou metastático. Além de já terem sido recomendados por agências de avaliação de tecnologias em saúde (ATS) pelo mundo, tais como NICE, CADTH, na Australia, Espanha, foram, mais recentemente, incorporados ao sistema privado de saúde brasileiro, por recomendação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Foi aberta uma consulta pública que prevê a inclusão dos inibidores de CDK4/6, como o ribociclibe, no sistema público de saúde (SUS), o que representa um avanço relevante no contexto do tratamento do câncer de mama para as pacientes do SUS. Sabendo que apenas 25% da população brasileira têm acesso a planos privados de saúde, nota-se uma disparidade muito acentuada no acesso a saúde no Brasil. Para as pacientes que não gozam do acesso ao sistema de saúde suplementar, que corresponde à medicina privada, a disponibilidade de medicamentos de eficácia superior às terapias até então utilizadas, atrelada a uma menor toxicidade, permitirá uma maior qualidade de vida e maiores ganhos de sobrevida.
Além disso, para aproximadamente 20% de pacientes com câncer de mama avançado do SUS, que são as pacientes que possuem câncer de mama do tipo HER2+, já houve a incorporação de anticorpos anti-HER2, como trastuzumabe e pertuzumabe, pelo SUS. A inserção desses novos medicamentos irá, além de prolongar de forma importante o tempo de vida da paciente, promover períodos de doença estável e livre de doença, evitando que essas pacientes sejam submetidas a tratamentos mais agressivos, que prejudicariam sua qualidade de vida na ocasião em que apresentam progressão de doença.
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