Inibidores de aromatase apresentam redução no risco de recidiva do câncer de mama - Oncologia Brasil

Inibidores de aromatase apresentam redução no risco de recidiva do câncer de mama

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Uma metanálise comparou a eficácia do tratamento adjuvante do câncer de mama inicial HR+ com IAs e tamoxifeno, e conclui que o uso de IA previne a recorrência das doença em pacientes na pré-menopausa, em uso de supressores ovarianos

Para mulheres com câncer de mama em fase inicial e receptor hormonal positivo (HR+), o  tratamento adjuvante com tamoxifeno apresenta redução do seu risco de morte em 15 anos em cerca de um terço. Nesse contexto, os inibidores de aromatase (IAs) são ainda mais eficazes do que o tamoxifeno em mulheres na pós-menopausa. Contudo, em mulheres na pré-menopausa são ineficazes quando utilizados sozinhos, devido à produção compensatória de estrogênio ovariano. Vários ensaios avaliaram se, quando administradas com supressão ovariana, os IAs também podem ser mais eficazes do que o tamoxifeno na prevenção da recorrência do câncer de mama em mulheres na pré-menopausa, mas os resultados dos ensaios têm sido incoerentes.  

Para resolver estas questões, este estudo incluiu 7.030 mulheres na pré-menopausa com câncer de mama receptor de estrogênio positivo (ER+), utilizando os dados individuais de pacientes, que estavam disponíveis através de quatro ensaios controlados randomizados. Todas as mulheres receberam supressão ou ablação ovariana e foram randomizadas para recer um IA ou tamoxifeno durante 3 anos (em ABCSG XII), ou durante 5 anos em outros ensaios (SOFT, TEXT e HOBOE). Os desfechos primários para esta metanálise foram o tempo de recorrência do câncer da mama invasivo (distante, loco-regional, ou nova mama contralateral primária) e mortalidade por câncer de mama.  

Dessa forma, a taxa anual de recorrência foi em média 21% mais baixa (RR 0,79, 95% 0,69-0,90, p=0,0005) para mulheres que receberam o IA em comparação com o tamoxifeno. O principal benefício do IA foi visto nos anos 0-4 (RR 0,68, 99% IC 0,58-0,80), durante o período em que os tratamentos diferiram, sendo que não ocorreram mais benefícios, ou perda de benefício, nos anos 5-9 (RR 0,98, 99% 0,73-1,32). Os dados de acompanhamento são ainda limitados para além do ano 10. O risco absoluto de recorrência do câncer de mama em5 anos foi 3,2% mais baixo no grupo do IA do que no grupo do tamoxifeno (6,9% vs 10,1%, p=0,0005). Embora a recorrência à distância tenha sido reduzida com IA (RR 0,83, 95% IC 0.71-0.97, p=0.02), não houve diferença na mortalidade do câncer de mama, apesar de ainda ser necessário um seguimento mais longo para avaliar os efeitos na mortalidade de forma confiável. A redução proporcional da recorrência durante o período em que os tratamentos diferiram não variaram por idade, IMC, ou por tamanho do tumor, grau do tumor, subtipo histológico, ou presença e ausência de quimioterapia. Em contraste com os resultados da metanálise de IA comparado ao tamoxifeno em mulheres na pós-menopausa, o IA apareceu ineficaz na doença N4+ (RR=0,49 em N0, RR=0,56 em N1-3, RR=1,03 em N4+; p para tendência =0,0009). A única outra aparente heterogeneidade foi entre os quatro resultados dos ensaios (p=0,03), e entre HER2-negativo e doença positiva (p=0,05), que podem ser descobertas aleatórias, dado o significado estatístico limite. Além disso, houve mais fraturas ósseas em mulheres que recebem IA (5,0% IA vs 3,8% Tam, p=0,02). Entre estas mulheres mais jovens, poucas mores não relacionadas ao câncer de mama ocorreram: 0,9% IA vs 0,7% tamoxifeno (RR 1,30, 95% IC 0,75-2,25), e a incidência de câncer endometrial era baixo (0,2% AI vs 0,3% tamoxifeno, p=0,14).  

A conclusão foi, portanto, que a utilização de um IA em vez de tamoxifeno, em mulheres na pré-menopausa que recebem supressão dos ovários, reduz o risco de recidiva do câncer de mama em cerca de 20%. Caso a surpreendente falta de benefícios encontrada para o estágio N4+ for uma descoberta casual, logo, os benefícios serão maiores para as mulheres com um risco absoluto mais elevado de recorrência. 

Referências:
GS2-04 – Rosie Bradley et al., Aromatase inhibitors versus tamoxifen in pre-menopausal women with estrogen receptor positive early stage breast cancer treated with ovarian suppression: A patient level meta-analysis of 7,030 women in four randomised trials. Presented at 2021 San Antonio Breast Cancer Symposium®

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