Dr. Fernando Nunes, oncologista clínico da Clínica CLION, fala diretamente de São Francisco – CA, onde está acontecendo o 2022 ASCO® Genitourinary Cancers Symposium! Neste vídeo ele comenta os dados de um estudo clínico de fase III muito relevante no contexto do câncer de próstata, o estudo ARASENS
Este estudo avaliou a sobrevida global de pacientes com câncer de próstata metastático hormônio sensível tratados com darolutamida ou com placebo correspondente, ambos combinados com a terapia de depleção androgênica e docetaxel.
A darolutamida (DARO) é um inibidor do receptor androgênico estruturalmente distinto e altamente potente que demonstrou melhora na sobrevida global (SG) e na sobrevida livre de metástases em comparação com placebo (PBO), além de uma baixa incidência de eventos adversos emergentes do tratamento (TEAEs) em pacientes com câncer de próstata não metastático resistente à castração (CPRC). Neste sentido, o estudo clínico ARASENS investigou se DARO em combinação com terapia padrão de privação androgênica (ADT) + docetaxel aumentaria a SG em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível (CPHSm).
Esse estudo de fase III, duplo cego randomizou 1306 pacientes em 1:1 para os braços do estudo, sendo que os pacientes receberam DARO 600 mg duas vezes ao dia ou PBO correspondente além de ADT + docetaxel. As coortes foram estratificadas pelo estadiamento TNM e pelos valores de fosfatase alcalina. Os desfechos do seguimento foram a progressão da dor, aquisição de resistência a castração, tempo até o primeiro evento esquelético (implantes secundários) e início de outra terapia antineoplásica.
De novembro de 2016 a junho de 2018, 1.306 pacientes foram randomizados, 651 para DARO e 655 para PBO, em combinação com ADT + docetaxel. A mediana de idade foi de 67 anos em ambos os braços. Foi demonstrado que DARO diminuiu significativamente o risco de morte em 32,5% vs PBO (HR 0,675, IC 95% 0,568-0,801; P < 0,0001). Ademais, o tempo até a resistência à castração foi menor no grupo da droga, (HR=0,357; IC 95% 0,302-0,421; P< 0.0001); o tempo até a progressão da dor também foi aumentado (HR 0,792, IC 95% CI 0.660–0.950; P= 0.0058), assim como as outras métricas avaliadas no estudo.
A incidência de eventos adversos foi similar em ambos os grupos, com eventos adversos de grau 3 e 4 sendo relatados em 66,1% dos pacientes que receberam DARO e em 63,5% dos pacientes do grupo controle. No grupo da droga, 33,7% dos casos foram decorrentes de neutropenia febril, com 34,2% dos pacientes do grupo controle tendo vivenciado este evento. Em 13,5% dos pacientes que receberam darolutamida e em 10,6% dos pacientes do grupo controle os eventos adversos levaram a descontinuidade do tratamento.
Percebe-se, pois, que a darolutamida aumentou sobrevida global em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível, além de também ter diminuído as taxas de resistência a castração, de ocorrência de eventos osteoarticulares e de piora da dor. Esses fatos, associados a uma ocorrência similar de eventos adversos no grupo placebo, torna a darolutamida um medicamento com bom potencial terapêutico na população estudada.
Confira o vídeo para uma análise completa acerca dos dados deste estudo!
Referências:
Matthew Raymond Smith et al., Overall survival with darolutamide versus placebo in combination with androgen-deprivation therapy and docetaxel for metastatic hormone-sensitive prostate cancer in the phase 3 ARASENS trial. Abstract #13. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 13). DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.013.
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