Dados do estudo clínico de fase 3, ZUMA-7, publicados no NEJM, demonstram que a terapia com axicabtagene ciloleucel (terapia anti-CD19 CAR T cell) leva a melhorias significativas de sobrevida livre de eventos, como terapia de segunda linha em pacientes com LDGCB R/R
O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o subtipo mais comum de linfoma não-Hodgkin, sendo mais prevalente em pacientes com idade avançada. Sabe-se que os pacientes que apresentam LDGCB de alto risco tendem a ter resultados ruins, com taxas de resposta mais baixas às terapias padrão e pior sobrevida, tendo um risco aumentado de resistência ao tratamento. Em busca de novas alternativas terapêuticas para estes pacientes, a terapia autóloga anti-CD19 de células T do receptor de antígeno quimérico (CAR) axi-cel, já aprovada pelo FDA para o tratamento de pacientes com LDGCB recidivado (R/R) ou refratário que receberam pelo menos duas terapias sistêmicas anteriores, surge como alternativa. Nesse contexto, o estudo ZUMA-7 avaliou os desfechos de pacientes com LDGCB R/R tratados com axicabtagene ciloleucel (axi-cel) ou terapia padrão em segunda linha.
Neste ensaio internacional, de fase 3, os pacientes com LDGCB R/R ou que tiveram recaídas em até 12 meses após a quimioterapia de primeira linha foram randomizados em uma proporção de 1:1, para receberem axi-cel ou terapia padrão, que é baseada em dois ou três ciclos de quimioimunoterapia à escolha do pesquisador, seguido de quimioterapia de alta dose com transplante autólogo de células-tronco em pacientes com resposta à quimioterapia. O desfecho primário deste estudo foi a sobrevida livre de eventos de acordo com a revisão central independente. Os principais desfechos secundários foram a resposta e a sobrevida global. Ademais, a segurança também foi avaliada.
Nesse contexto, um total de 180 pacientes foram aleatoriamente designados para receber axi-cel e 179 para receber tratamento padrão. A análise do desfecho primário da sobrevida livre de eventos mostrou que a terapia axi-cel é superior à terapia padrão. Em um seguimento mediano de 24,9 meses, a mediana da sobrevida livre de eventos foi de 8,3 meses no grupo axi-cel e 2,0 meses no grupo de tratamento padrão, e a sobrevida livre de eventos de 24 meses foi de 41% e 16%, respectivamente (razão de risco para evento ou morte de 0,40; IC 95%, 0,31 a 0,51; P<0.001). Além disso, uma resposta ocorreu em 83% dos pacientes do grupo axi-cel e em 50% daqueles do grupo de cuidados padrão (com resposta completa em 65% e 32%, respectivamente). Em uma análise provisória, a sobrevida global estimada em 2 anos foi de 61% no grupo axi-cel e 52% no grupo de cuidados padrão.
Por fim, os eventos adversos de grau 3 ou superiores ocorreram em 91% dos pacientes que receberam axi-cel e em 83% daqueles que receberam atendimento padrão. Entre os pacientes que receberam axi-cel, a síndrome de liberação de citocinas, de grau 3 ou superior, ocorreu em 6% dos pacientes, e eventos neurológicos de grau 3 ou superior ocorreram em 21% no grupo axi-cel. Não ocorreram óbitos relacionados à síndrome de liberação de citocinas ou eventos neurológicos.
A partir deste estudo pode-se concluir que o uso de axicabtagene ciloleucel foi eficaz no tratamento de segunda linha de LDGCB R/R, em comparação com os tratamentos padrões de segunda linha. Foi demonstrado um aumento na sobrevida e resposta ao tratamento no grupo tratado com axi-cel. Além disso, vale ressaltar que o nível de efeitos tóxicos de alto grau foi dentro do esperado.
Referências:
Frederick L. Locke, M.D., et al., Axicabtagene Ciloleucel as Second-Line Therapy for Large B-Cell Lymphoma. N Engl J Med 2022; 386:640-654. DOI: 10.1056/NEJMoa2116133
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