Uso do anticorpo monoclonal anti-interleucina-1β, canakinumabe, no tratamento de primeira linha do CPNPC - Oncologia Brasil

Uso do anticorpo monoclonal anti-interleucina-1β, canakinumabe, no tratamento de primeira linha do CPNPC

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O estudo de fase 3 CANOPY-1, apresentado na conferência anual do AACR 2022, demonstrou que a adição de anticorpo monoclonal anti-interleucina-1β – canakinumabe, ao tratamento padrão de primeira linha para pacientes com CPNPC, não levou a um incremento significativo dos desfechos de sobrevida

Como previamente demonstrado em estudos clínicos, pembrolizumabe (PEMBRO) incrementa a sobrevida global (SG) quando adicionado à quimioterapia baseada em platina (QBP) no tratamento de pacientes com câncer de pulmão do tipo células não-pequenas (CPNPC). Entretanto, nem todos os pacientes que recebem o tratamento combinado apresentam o benefício esperado em termos de sobrevida livre de progressão (SLP) e SG, e esse benefício ainda parece depender da expressão de PD-L1. Esses dados reforçam o fato de que novas opção terapêuticas ainda devem ser investigadas nesse cenário.  

Canakinumabe (CAN) é um anticorpo monoclonal anti-interleucina-1β, que potencialmente otimiza a resposta anti-tumoral, e pode apresentar sinergismo com agentes anti-PD-1 e QBP. Alguns estudos iniciais demonstraram que este sinergismo poderia levar a potencialização de resposta terapêutica com sobrevida equivalente, levando a perspectiva de realização do estudo de fase 3. 

CANOPY-1 foi um estudo de fase 3 randomizado, que avaliou a adição de CAN ou placebo (PBO) ao tratamento de primeira linha de CPNPC com PEMBRO + QBP. Pacientes com CPCNP em estadios clínicos IIIB/C ou IV, que não tivessem recebido tratamento sistêmico prévio, e que não tivessem alterações driver em EGFR ou ALK, eram randomizados na proporção de 1:1 para receber CAN 200mg ou PBO a cada 03 semanas associado ao tratamento de PEMBRO + QBP guiada por histologia por 04 ciclos, seguido de CAN ou PBO de manutenção associado a PEMBRO ± pemetrexede. Os desfechos primários do estudo eram SLP e SG. Os pacientes foram estratificados com base no status de expressão de PD-L1, região geográfica e histologia.  

Um total de 643 pacientes foram randomizados para receber CAN (N = 320) ou PBO (N = 323) em combinação com PEMBRO + QBP.  A SLP mediana foi de 6,8 meses para os dois braços de tratamento (HR 0,85; IC 95% 0,67 – 1,09; P=0,102). A SG mediana foi de 20,8 e 20,2 meses para os braços CAN e PBO respectivamente (HR 0,87; IC 95% 0,70 – 1,10; P=0,123). Eventos adversos de graus 3 ou 4 foram reportados em 205 (64,1%) pacientes no braço CAN e 191 (59,3%) pacientes no braço PBO, sendo que eventos fatais foram reportados em 37 (11,6%) e 47 (14,6%) dos pacientes, respectivamente. Toxicidade que levou a descontinuação do tratamento ocorreu em 72 (22,5%) pacientes que receberam CAN e 61 (18,9%) dos pacientes que receberam PBO.  

 Como conclusão, a adição de CAN ao tratamento padrão de primeira linha para pacientes com CPNPC com PEMBRO + QBP não levou a um incremento significativo de SLP ou SG. Estes resultados demonstram que apesar de inicialmente animadores, os resultados da inibição da interleucina-1ß combinada ao tratamento padrão para pacientes com CPCNP não foram suficientes para justificar o seguimento desta estratégia terapêutica. Neste ínterim, diversos outros estudos de imunoterapia combinada estão em desenvolvimento na tentativa de melhorar os resultados vigentes da combinação QBP e imunoterapia. 

 

Referências: 

  1. Daniel S. W. Tan et al., CT037 – Canakinumab in combination with first-line (1L) pembrolizumab plus chemotherapy for advanced non‑small cell lung cancer (aNSCLC): Results from the CANOPY-1 phase 3 trial https://www.abstractsonline.com/pp8/#!/10517/presentation/20382 

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