Estudo clínico de fase III TRIPLETE apresenta resultados que desencorajam a combinação mFOLFOXIRI + panitumumabe em pacientes com mCRC diante da ausência de benefícios clínicos em comparação ao esquema terapêutico padrão mFOLFOX6/panitumumabe
Estudo anterior de Cremolini e colaboradores (2018) demonstraram em estudo clínico de fase II que o uso da combinação de quimioterápicos (FOLFOX/FOLFIRI) associado ao cetuximabe (anti-EGFR) era uma abordagem potencial e passível de maiores investigações em primeira linha para o tratamento de pacientes com câncer colorretal metastático sem mutações em genes RAS e BRAF¹.
Em continuidade a essa proposta, Cremolini e colaboradores² apresentam na ASCO 2022 os resultados de fase III do estudo randomizado TRIPLETE, um estudo prospectivo, open label com pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC) irressecável, virgens de tratamento e que não apresentam mutações em RAS e BRAF (n=435). Esses pacientes foram randomizados 1:1 de modo que o braço A do estudo (n=217) recebeu mFOLFOX6/panitumumabe e o braço B (n=218) tratado com mFOLFOXIRI/panitumumabe por 12 ciclos e em seguida seguindo a manutenção com 5FU/LV/panitumumabe até progressão da doença.
Os principais objetivos do estudo foram, portanto, avaliar a combinação e intensificação terapêutica da quimioterapia combinada, mFOLFIXIRI com panitumumabe, um anti-EGFR, em coorte de mCRC bem caracterizada do ponto de vista molecular. Assim, o primeiro desfecho do estudo foi a taxa se resposta global (ORR) avaliada pelo Response Evaluation Criteria In Solid Tumours v1.1, e os desfechos secundários foram a segurança do esquema de tratamento, taxa de ressecção R0, sobrevida livre de progressão (PFS) e sobrevida global (OS).
Dentre os braços do estudo, as principais características como idade, ECOG dentre outras foram bem balanceadas entre os grupos. Como ponto de partida, em relação à segurança do tratamento, avaliada pelo desenvolvimento de toxicidades superiores a grau 2, destacam-se os quadros de diarreia (A:7%/B:23%), neutropenia (A:20%/B:32%), neutropenia febril (A:3%/B:6%) e rash cutâneo (A:29%/B:19%).
Com relação à eficácia do tratamento, ao avaliar a resposta baseada no RECIST, não houve diferença significativa entre os braços A e B (OR 0,87; 95%CI 0,56-1,34; p=0,526) que tiveram 73% e 76% dos pacientes com resposta, respectivamente. De maneira semelhante, o TRIPLETE também não demonstrou diferença entre os braços no que diz respeito à redução inicial do tumor (A:58% B:57%; p=0,878), deepness da resposta (mediana A:47% B:48%; p=0,845) nem taxa de ressecção R0 (A:29% B:25%; p=0,317). A mediana de follow-up foi de 26,5 meses, período no qual 305 eventos de PFS foram notificados sem, no entanto, apresentar diferença significativa entre os grupos (mediana PFS A: 12,7 meses vs. B:12,3 meses; HR: 0,88; 95%CI 0,70-1,11; p=0,277).
Em conclusão, os resultados do estudo TRIPLETE desestimulam a intensificação do tratamento FOLFIXIRI com a utilização do panitumumabe, por não ser capaz de oferecer benefícios no que diz respeito à baixa eficiência do tratamento comparativamente ao tratamento padrão e diante do risco de possível toxicidade gastrointestinal.
Referência:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.