A adição do anti-PD-1 ao tratamento com docetaxel não aumentou a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global dos pacientes com CPRCm
A progressão do câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm) ocorre aproximadamente 1 ano após o tratamento com terapia antiandrogênicas. O docetaxel é uma opção já estabelecida para pacientes com CPRCm após a progressão da doença a um medicamento da nova geração de agentes hormonais (NAH). Dessa forma, a necessidade de tratamentos mais eficazes é de extrema urgência.
A administração de pembrolizumabe em pacientes com câncer de próstata avançado tem se mostrado efetivo. Assim, o KEYNOTE-921, um estudo randomizado, duplo cego e de fase 3, propõe avaliar a eficácia e segurança da adição de pembrolizumabe ao docetaxel em pacientes com CPRCm que receberam tratamento prévio com um NAH.
Nesse estudo 1030 pacientes foram incluídos de acordo com os seguintes critérios:
Os pacientes foram randomizados 1:1 para receberem 200mg de pembrolizumabe 3 vezes por semana ou placebo por até 35 ciclos (aproximadamente 2 anos) em combinação com 75mg/m² de docetaxel 3 vezes por semana por até 10 ciclos e 5mg de prednisona 2 vezes ao dia.
O desfecho primário composto foi a combinação da sobrevida livre de progressão radiográfica (SLPr) por PCWG modificado por RECIST 1.1 (avaliado por revisores centrais independentes) e a sobrevida global (SG). Já o desfecho secundário foi o tempo de início da primeira terapia anticâncer subsequente (PTAS), além da segurança do tratamento.
Dessa forma, os dois grupos de avaliação foram compostos por 515 pacientes que receberam pembrolizumabe mais docetaxel ou placebo mais docetaxel. O tempo mediano de acompanhamento dos pacientes foi de 22.7 meses (12.1-36.7). Os pacientes foram distribuídos de forma equilibrada de acordo com as características básicas e aproximadamente 50% dos pacientes de cada grupo receberam abiraterona previamente. Os pacientes do braço do tratamento receberam em média 12 ciclos de pembrolizumabe (1-35) e 9 ciclos de docetaxel (1-12), enquanto os pacientes do grupo placebo com docetaxel receberam aproximadamente 12 ciclos de placebo (1-35) e 9 ciclos de docetaxel (1-10).
O desfecho primário composto do estudo não foi atingido. A mediana de SLPr foi de 8.6 meses para o braço do tratamento vs 8.3 meses para o braço placebo + docetaxel (HR 0.85, IC 95% 0.71-1.01; p=0.0335); e a mediana de SG foi de 19.6 meses vs 19 meses, para os grupos tratados com pembrolizumabe e placebo, respectivamente (HR 0.92, IC 95% 0.78-1.09 p=0.1677).
A mediana de PTAS nos grupos de tratamento e placebo + docetaxel foram de 10.7 meses vs 10.4 meses, respectivamente (HR 0.86, 95% CI 0.74-1.01). Os eventos adversos relacionados ao tratamento ocorreram em 94.6% das pacientes do braço do tratamento (grau ≥ 3 em 43.2%) versus 94.9% dos pacientes do braço placebo + docetaxel (grau ≥ 3 em 36.6%). No grupo que recebeu pembrolizumabe + docetaxel foram reportados 2 óbitos, enquanto no grupo placebo + docetaxel foram reportados 7 óbitos. Eventos adversos imunomediados e reações à infusão ocorreram em 23.3% dos pacientes do grupo do tratamento (grau ≥ 3 em 6.2%) versus 12.3% dos pacientes do grupo placebo + docetaxel (grau ≥ 3 em 1.2%), sendo os mais comuns a pneumonite (7% vs 3.1%) e hipotiroidismo (6.4% vs 3.3%).
Através dos resultados observados, os autores concluíram que a adição de pembrolizumabe ao docetaxel não mostrou aumento significativo na SLPr ou SG para os pacientes com CPRCm. Além disso, o estudo também mostrou que não houve aumento dos eventos adversos relacionados ao tratamento.
Referência:
1 – PETRYLAK, P. Dainel et al. Pembrolizumab plus docetaxel for patients with metastatic castration-resistant prostate cancer (MCRPC): Randomized, double-blind, phase 3 KEYNOTE-921 STUDY. J CLIN ONCOL 41, 2023 (suppl 6; abstr19).
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