Estudo observacional retrospectivo avalia o impacto da gravidez em mulheres com fibromatose desmoide - Oncologia Brasil

Estudo observacional retrospectivo avalia o impacto da gravidez em mulheres com fibromatose desmoide

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Os resultados do trabalho apresentado na conferência anual da American Society of Clinical Oncology – ASCO ® 2023 demonstram que, apesar da baixa taxa de progressão da fibromatose desmoide durante a gestação, o diagnóstico da doença é um fator importante para as decisões relacionadas à gravidez de mulheres em idade fértil 

 

A fibromatose, também denominada como tumor desmoide (DF, do inglês “desmoid fibromatosis”), caracteriza-se pela alta proliferação de fibroblastos, e seu acometimento é comum em mulheres, especialmente durante a gestação e o periparto. Porém, as orientações e aconselhamentos a respeito de novas gestações durante a vigilância ativa e após ressecção do tumor ainda são limitadas. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar, entre mulheres de idade fértil diagnosticadas com DF, seus resultados clínicos e a tomada de decisão em relação à procriação. 

As mulheres em idade fértil diagnosticadas com DF entre os anos 2000 e 2020 foram entrevistadas sobre suas decisões de procriação em um estudo multicêntrico observacional retrospectivo (NCT05284305). O desfecho primário foi a progressão ou recorrência de DF dentro do período de 1 ano pós-parto, e o secundário incluiu regressões espontâneas, alteração para tratamento ativo e risco obstétrico. Também foi preparado um modelo logístico de intercepção aleatória para estimar a probabilidade de progressão em múltiplas gestações na mesma paciente. 

Entre as 483 pacientes entrevistadas, 120 (24.8%) mulheres adiaram a gestação, 32 (6.6%) optaram por interromper, e/ou 232 (48%) evitaram a gravidez, de modo que 93.3%, 50% e 72.9% tomaram essas decisões em razão da fibromatose, respectivamente. Em relação ao grupo de mulheres grávidas com DF, 26 (17.7% – Grupo A) gestações ocorreram de modo concomitante ao diagnóstico, 48 (32.7% – Grupo B) após a ressecção cirúrgica, e 73 (49.7% – Grupo C) durante o período de vigilância.  

A probabilidade estimada de progressão de DF durante a gestação foi de 12% (CI 2.0 – 48.4) e 15.8% (CI 5.6 – 37.5) no pós-parto, enquanto, na gravidez simultânea ao diagnóstico (Grupos B e C), a probabilidade foi de 5.1% (CI 0.4 – 40.0), comparado a 9.0% (CI 1.8 – 35.0) após a ressecção, sendo que a idade e o tamanho primário do tumor foram fatores de risco na análise multivariada. A probabilidade estimada de regressão espontânea foi de 3.6% (CI 0.2 – 40.7) durante a gestação, e 7.1% (CI 0.3 – 67.2) no pós-parto. O tratamento foi necessário para progressão em 9/79 (11.4%) de pacientes pós-parto e 4/63 (6.3%) nos grupos B e C. 

Com os resultados apresentados, o estudo demonstra que, apesar dos riscos de progressão de DF durante a gravidez serem baixos, a tomada de decisão das pacientes pode ser influenciada pelo diagnóstico. 

 

Referência: 

Fiore B. et al. Impact of pregnancy in women with desmoid fibromatosis: An international retrospective observational study. 2023 ASCO Annual Meeting (Abst 11513). 

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