Neste vídeo, Drª Simone Franco, onco-hematologista e responsável técnica de transplante de Medula Óssea Pediátrica no Hospital da Criança e Hospital Brasília, discute os avanços no tratamento do Neuroblastoma pediátrico e ressalta os grandes avanços com a chegada, sobretudo, do naxitamabe, que trouxe consigo taxas de resposta antes inimagináveis em pacientes recidivado/refratário
O neuroblastoma compreende a mais incidente malignidade extracranial em pacientes oncopediátricos, sendo 8% de todos os tumores infantis e responsável por 15% das mortalidades. Baseado em fatores como estadiamento por imagem, idade e características patológicas do tumor, os pacientes podem ser estratificados, de modo que cerca de 40% já se apresentam ao diagnóstico com alto risco e metástase, principalmente óssea ou em medula óssea.
Como abordado pela Drª. Simone Franco, até as décadas anteriores, a taxa de sobrevida eram expressivamente baixas para esses pacientes, sendo de 10%. No entanto, com uso de altas doses de quimioterapia associada ao transplante autólogo houve aumento em 50% de taxa de sobrevida global e com a chegada da imunoterapia, especialmente com anti-GD2, essa taxa subiu para 60% mediante a proposta de um tratamento multimodal: quimioterapia sistêmica + cirurgia de ressecção + radioterapia no tumor residual ou metástase + transplante autólogo + anti-GD2.
O anti-GD2 trata-se de um anticorpo monoclonal com alvo no gangliosídeo GD2, abundante nas células tumorais. Esse fármaco foi, verdadeiramente, um divisor de águas dada a melhora de prognóstico oferecida. Em contexto nacional, a manutenção da terapia é realizada com betadinutuximabe mas, ainda assim, alguns pacientes apresentam refratariedade ou recorrência, tendo um prognóstico bem ruim, com taxa de sobrevida de cerca de 5%.
Nesse sentido, diante de uma necessidade clínica não atendida, o anti-GD2, naxitamabe, foi aprovado pelo FDA, administrado conjuntamente com GM-CSF em pacientes pediátricos com neuroblastoma recidivado/refratário de alto risco limitado ao osso e medula óssea. Cabe ressaltar a rápida aprovação que esse fármaco teve, baseada principalmente no estudo clínico de fase II, Trial 201, onde demonstraram, em coorte de 36 pacientes, uma mediana de duração de resposta de resposta de 25 semanas e uma taxa de resposta global de 58% (21/36); resposta completa de 44% (16/36) e resposta parcial de 14% (5/36). Esses resultados em um contexto a priori tão pouco favorável, se destacam bastante dada a chance de remissão que esse regime terapêutico ofereceu.
Ainda que altamente eficaz, a Drª Simone chama a atenção para a importância de um bom conhecimento e manejo dos eventos adversos associados, como forma de garantir ao paciente tratamento completo e otimizado sem necessidade de interrupção ou redução de dose. Essas toxicidades perpassam dor, hipotensão, deposição/ativação do sistema complemento e síndrome de liberação de citocinas e os dados de segurança do Trial 201 demonstram que reações infusionais ocorreram em toda a coorte e que 11 pacientes apresentaram alguma toxicidade associada ao naxitamabe, de forma que 4 (8%) descontinuaram o tratamento devido a esse desfecho, no entanto, nenhum óbito foi reportado.
Por fim, conforme apresentado e os resultados dos clinical trials que levaram a aprovação de naxitamabe, a relevância clínica do anti-GD2 é bastante importante dado o alcance de resposta inédito. No entanto, o monitoramento e manejo das toxicidades devem ser pontos de bastante atenção para garantir um bom curso e efetividade terapêutica.
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