Neste vídeo, o Dr. Tomás Reinert, Médico Oncologista Clínico, Líder em Oncologia Mamária – Hospital Nora Teixeira / Santa Casa de Porto Alegre, discute sobre os resultados de ensaios clínicos apresentados no SABCS 2023® que evidenciaram necessidade clínica não atendida no tratamento de segunda linha de pacientes com câncer de mama metastático HER2-low e sugerem eficácia do trastuzumabe deruxtecana, combinado a atuais terapias standard of care. Acesse e confira na íntegra!
Cerca de 5% dos tumores de mama se apresentam como doença incurável e metastática, além de 15-24% dos pacientes que após tratamento curativo progridem para quadro metastático. Mediante esse diagnóstico os pacientes possuem um prognóstico ruim, com sobrevida em 5 anos de 22-29%. A superexpressão/amplificação do gene HER2 é uma variável importante em muitos casos, podendo direcionar para terapias alvo com eficácia favorável. No entanto, pacientes que se apresentam com uma expressão de HER2 baixa – HER2-low (IHC 1+ ou 2+ e ISH-) têm limitadas opções terapêuticas.
Diversos estudos, portanto, avaliam opções terapêuticas a serem administradas após a primeira linha padrão para esses pacientes HER2-low/HR+ irressecáveis ou metastáticos. Em SABCS 2023 dois estudos se destacaram ao trazer para a discussão as necessidades clínicas não atendidas e os desafios enfrentados no tratamento desse grupo de pacientes.
C. Tan e demais investigadores partem da premissa de que pacientes que progridem precocemente (≤12 meses) ou tardiamente (>12meses/sem progressão) à primeira linha com terapia endócrina têm jornadas terapêuticas diferentes. Esse estudo, portanto, compreende um estudo retrospectivo que avaliou 118 pacientes, majoritariamente tratados com inibidor de CDK4/6 (73,7%). 21,2% da coorte apresentou progressão precoce, tendo uma sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) de 6,4 e 20,5 meses, respectivamente. Por outro lado, os pacientes com progressão tardia apresentaram uma mediana de SLP de 30,5 meses e de SG de 62,1 meses.
Com relação às características demográficas, aqueles que progrediram precocemente quando comparado aos tardiamente eram fumantes atuais ou tinham metástase hepática ao diagnóstico. Observando as linhas terapêuticas subsequentes e seus desfechos, 68% dos pacientes de rápida progressão continuaram a receber terapia endócrina em segunda linha, tendo uma SLP de 5,7 meses e SG de 14,1 meses, inferior àqueles pacientes de progressão tardia (n=39) tratados subsequentemente com terapia endócrina que resultaram em uma mediana de SLP de 9,2 meses e SG de 29,2 meses. Esses achados evidenciam a necessidade urgente de tratamentos eficazes para pacientes com rápida progressão após a primeira linha.
Sendo assim, o estudo DESTINY-Breast08, estudo de fase Ib, avalia a segurança, tolerância e atividade do Trastuzumabe Deruxtecana (T-DXd) em combinação terapias standard of care, Anastrozol (T-DXd + ANA; n=21) ou Fulvestranto (T-DXd + FUL; n=20). 67% e 75% dos pacientes, respectivamente, receberam linhas anteriores à base de terapia endócrina. A taxa de resposta objetiva obtida foi de 71,4% e 40,0% em cada braço, indicando atividade de T-DXd combinado aos fármacos.
As toxicidades, ocorreram em 95,2% de T-DXd + ANA e 100% de T-DXd + FUL, sendo toxidades G3 ou superiores reportadas em 47,6% e 55%, respectivamente. Doença intersticial pulmonar/pneumonite ocorreu em 3 pacientes de T-DXd + FUL, sendo todos os casos G2. De modo geral, as toxicidades foram manejáveis por interrupção terapêutica ou redução de dose. O estudo, portanto, demonstrou uma atividade favorável da adição de T-DXd além de um perfil de segurança esperado e manejável dentro da prática clínica.
Ambos os estudos aqui apresentados ressaltaram a importância de se voltar para a população de pacientes com câncer de mama HR+/HER2-low metastático, especialmente após progressão da doença. De modo conjunto, a administração de trastuzumabe deruxtecana associado à terapia endócrina standard of care pode ser uma opção interessante e a ser investigada como terapia em segunda, ou até mesmo, primeira linha.
Referências
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.