Rastreamento interativo do câncer de próstata integrando PSA, ressonância magnética e biópsias em rounds subsequentes – análise do ensaio clínico STHLM3-MRI
Nas últimas décadas, houve uma transformação significativa nas práticas de rastreamento do câncer de próstata, abandonando a abordagem exclusiva do teste de antígeno específico da próstata (PSA) em favor de uma estratégia mais abrangente. A avaliação de risco inicial, combinando PSA, ressonância magnética (MRI) e biópsias direcionadas e convencionais, surgiu como uma maneira promissora de mitigar o “super diagnóstico” associado aos métodos tradicionais. Embora projetos para implementar rastreamento com MRI estejam em andamento na Europa, a eficácia de um único teste de PSA é questionável, levando a recomendações de repetições em intervalos variados. O objetivo deste estudo é descrever os resultados do rastreamento do câncer de próstata baseado no PSA, utilizando ressonância magnética e biópsias da próstata em rounds subsequentes de rastreamento.
Como metodologia, foram selecionados aleatoriamente em Estocolmo, homens de 50 a 74 anos que foram randomizados (2:3) para o grupo padrão (triagem tradicional) ou grupo experimental (abordagem baseada em MRI). A reavaliação ocorreu 2-3 anos após, checando a detecção de câncer clinicamente significativo e outros desfechos secundários. As análises estatísticas incluíram proporções e intervalos de confiança de 95%, abrangendo características dos participantes, testes de PSA, exames de MRI e biópsias.
Como resultados, dos 7.609 homens randomizados para o grupo experimental no primeiro rastreamento, 2.078 (27,3%) foram elegíveis para a segunda rodada de rastreamento. Destes, 1.500 (72,2%) aceitaram e realizaram testes de sangue, com idade média de 67 anos, com uma mediana do PSA de 2,8 ng/mL. Dos participantes, 44,5% apresentaram PSA ≥3 ng/mL na reavaliação. A MRI foi realizada em 92,5% dos homens com PSA ≥3 ng/mL, sendo 79,9% sem achados suspeitos de câncer. A detecção de câncer clinicamente significativo (Gleason ≥7) foi de 3,2%, correspondendo a 59,3% dos biopsiados. O número de homens com Gleason ≥7 detectado foi maior na primeira rodada (192 vs. 48) usando PSA e MRI. Observou-se uma mudança em 26,0% na classificação de risco com PSA e adesão à MRI foi semelhante, independentemente do risco no primeiro rastreamento.
Por fim, a taxa de achados suspeitos de câncer na MRI foi relativamente baixa (13,6%), resultando em 3,2% dos participantes detectando cânceres clinicamente significativos. Em conclusão, a elevada participação no primeiro reexame de câncer de próstata indica uma aceitação positiva, apesar da detecção limitada nesse câncer. Destaca-se a necessidade de estratégias aprimoradas de estratificação de risco, como intervalos de triagem personalizados e testes reflexos, além disso são necessários estudos futuros para avaliar os resultados a longo prazo e explorar alternativas que otimizem a eficácia da triagem.
Referências:
Nordström, T., Annerstedt, M., Glaessgen, A., Carlsson, S., Clements, M., Abbadi, A., Grönberg, H., Jäderling, F., Eklund, M., Discacciati, A. (2024). Repeated Prostate Cancer Screening Using Prostate-Specific Antigen Testing and Magnetic Resonance Imaging: A Secondary Analysis of the STHLM3-MRI Randomized Clinical Trial. JAMA Network Open, 7(2), e2354577. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.54577
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