IMpassion132 revela que atezolizumabe não impacta sobrevida de pacientes com recidiva precoce após quimioterapia e ressalta a importância de compreender a resistência terapêutica desse grupo de pacientes
O câncer de mama triplo negativo (CMTN) se destaca entre os tumores de mama por suas altas taxas de recorrência e mortalidade. Aproximadamente 50% dos pacientes com doença metastática após quimioterapia neoadjuvante irão experienciar recorrência nos primeiros 12 meses após o tratamento. Esses tumores de recorrência precoce são geralmente mais agressivos e resistentes às terapias padrão, ocorrendo em pacientes mais jovens, com baixa prevalência de mutações em BRCA e alta prevalência de Ki67 ≥ 50%.
No contexto de recorrência primária, a administração de inibidores de checkpoints imunológicos, como os anti-PD-(L)1, demonstrou melhorar a eficácia da quimioterapia. No entanto, a maioria dos estudos clínicos exclui pacientes com recidiva dentro de 12 meses após o tratamento para CMTN, resultando em uma falta de informações sobre o prognóstico e o efeito das terapias nesse grupo de pacientes. O estudo clínico de fase III, IMpassion132, busca suprir essa necessidade clínica, avaliando a eficácia e a segurança da combinação de atezolizumabe (anti-PD-L1) e quimioterapia em 354 pacientes com CMTN avançado e recidivado dentro de 12 meses após quimioterapia neoadjuvante ou cirurgia.
Os pacientes foram randomizados na proporção 1:1 em dois grupos: placebo + quimioterapia (CT) (n=177) e atezolizumabe (Atezo) + CT (n=177). O endpoint primário avaliado foi a sobrevida global (SG), inicialmente em pacientes PD-L1+ e, posteriormente, na coorte total (modified intent-to-treat – mITT). Após uma mediana de follow-up de 9 meses, entre os 354 pacientes, 68% apresentaram um intervalo livre de doença inferior a 6 meses. Quando avaliada a SG, o objetivo primário não foi atingido em nenhum grupo analisado, com um hazard ratio de 0,93 (95% CI: 0,73-1,20) na população PD-L1+. A taxa de resposta objetiva foi de 28% no braço Placebo + CT e 40% no braço Atezo + CT. O perfil de segurança foi conforme esperado e similar entre os braços.
Em conclusão, o estudo demonstrou que a adição de atezolizumabe à quimioterapia não impacta o prognóstico de pacientes com recorrência precoce. Isso ressalta a necessidade de entender a biologia da resistência terapêutica nesse grupo de pacientes, especialmente em relação aos imunoterápicos.
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