Análise patient-level mostra benefícios clínicos do uso de nivolumabe perioperatório no ganho de sobrevida livre de eventos, independente do status de PD-L1, resposta patológica completa ou estadiamento
Dentre os diagnósticos de câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC), entre 20-25% dos pacientes recebem o diagnóstico de doença ressecável e, no entanto, 30-55% dos pacientes apresentam recorrência e óbito após cirurgia curativa. Esse cenário evidencia a necessidade de se repensar estratégias terapêuticas que visem a melhora de desfechos¹. A possibilidade de melhora seria proposta de regime neoadjuvante onde, no entanto, a quimioterapia oferece poucos ganhos com relação à sobrevida global e sobrevida livre de recorrência em cinco anos comparativamente à cirurgia sozinha¹.
Assim, uma vez que a imunoterapia com inibidores de checkpoints demonstrou bons resultados em CPNPC, sobretudo em doença metastática, o emprego desses fármacos em regimes neoadjuvante ou perioperatório se tornou alvo de interesse. Dois estudos, se destacam ao avaliar o Nivolumabe (anti-PD-1) + quimioterapia em CPNPC ressecável em contexto perioperatório (CheckMate-77T) e neoadjuvante (CheckMate-816)1,2.
O CheckMate-77T demonstrou em pacientes estadiamento IIA-IIIB uma redução de 42% no risco de progressão, recorrência ou óbito (HR=0,58; 97,36%CI: 0,42-0,81) quando tratados com Nivolumabe + quimioterapia neoadjuvante por 4 ciclos, cirurgia e nivolumabe adjuvante a cada 4 semanas por 1 mês¹. O CheckMate-816, por sua vez, ao avaliar pacientes em estadiamento IB-IIIA demonstrou redução de 37% no risco de progressão, recorrência ou óbito (HR = 0,63; 97,38%CI: 0,43-0,91) em pacientes tratados com Nivolumabe + quimioterapia anteriormente à ressecção, sendo o único esquema com imunoterapia aprovado em regime neoadjuvante nesse diagnóstico. Assim, ambos os estudos demonstraram o ganho da adição de nivolumabe à quimioterapia, seja neoadjuvante ou perioperatória².
Durante a 2024 World Conference Lung Cancer, Patrick Forde apresenta os resultados de uma análise patient-level avaliando a contribuição da fase adjuvante no regime de tratamento perioperatório com nivolumabe, comparando pacientes do CheckMate-77T versus CheckMate-816, com os devidos ajustes para comparação fidedigna entre os trials³.
A análise contou com 139 pacientes que receberam Nivolumabe perioperatório e 147 pacientes que receberam nivolumabe em neoadjuvância. Ao avaliar a sobrevida livre de eventos, a administração perioperatória ofereceu ganho de sobrevida com redução de 44% no risco de recorrência, progressão ou óbito (HR = 0,56; 95%CI: 0,35-0,90), benefício esse estendido para pacientes com diferentes expressões de PD-L1 (<1% ou ≥1%), diferentes estadiamentos da doença (IB/II ou III) e, também, independentemente de resposta patológica completa. Percentualmente, os pacientes que receberam nivolumabe em regime perioperatório, apresentaram menor incidência de toxicidades G3-G4 (27% vs. 35%) ³.
A análise patient-level comparando os estudos CheckMate-77T versus CheckMate-816 demonstrou que a administração de Nivolumabe + Quimioterapia anterior à cirurgia definitiva tem eficácia superior ao regime neoadjuvante. Mesmo que as conclusões sejam limitadas pelo próprio modelo de análise, os resultados fortalecem o regime perioperatório como opção terapêutica para pacientes com CPNPC ressecável.
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