Dr. Bernardo Garicochea, do Grupo Oncoclínicas, falou para o Grupo Oncologia Brasil sobre os avanços em oncogenética e prevenção do câncer apresentados até agora no ASCO 2018, que termina na terça-feira (5/6).
Um aspecto interessante na avaliação do Dr. Garicochea é que os estudos mostraram a sedimentação de dados em populações com câncer. “Quantos por cento das pessoas que têm câncer colorretal, de endométrio ou uroterial apresentam de fato mutações germinativas, ou seja, nasceram com mutações que predispõem a essa doença?” É a pergunta feita pelo próprio entrevistado para abrir o diálogo.
A resposta veio através da análise de diversos bancos de dados com um grande número de pacientes. “Hoje, sabemos que uma média de 10 a 20% de todos os casos desses cânceres (colorretal, uroterial e de endométrio) são associados a mutações germinativas. Nem todos os que conhecemos hoje são responsáveis por esse número. E isso traz à tona a necessidade de utilizar painéis com múltiplos genes. Nem todo mundo que tem câncer colorretal com mutação genética é uma síndrome de Lynch, aliás, só metade dos pacientes o são”, explicou Garicochea.
O especialista prosseguiu frisando que nem todos os pacientes que têm mutações germinativas necessariamente responderão a tratamentos que corrigem essas mutações, como o olaparibe. O paciente pode ter uma mutação BRCA 1 e 2 e não necessariamente essa mutação está associada àquele câncer.
A tendência dos pesquisadores atuais é partir dos painéis somáticos. E novos estudos sobre esses painéis devem ser apresentados no ASCO ano que vem, adiantou Garicochea. Tendo como base os estudos apresentados no ASCO, ele recomenda não confiar na história dos pacientes sem uma análise criteriosa. E justifica que “menos da metade dos casos tinha história familiar clara e definida associada a câncer hereditário. Entre os pacientes com mutações hereditárias, a maioria tinha uma idade superior àquela que imaginamos que as pessoas tenham”.
Na área de prevenção, esses testes germinativos estão ajudando a modificar “tremendamente” a maneira como se faz o diagnóstico dos pacientes com câncer. Garicochea disse que o Hospital Memorial, dos Estados Unidos, apresentou um trabalho muito interessante, no qual os pesquisadores fazem um painel pequeno de genes com custo bem menor do que a imuno-histoquímica feita para os genes de reparo. “Além de ter mais informações que auxiliam na decisão terapêutica, é um exame bem mais rápido e cuja adoção deverá ocorrer de forma intensa no futuro”, acrescentou o especialista.
Assista o vídeo com o Dr. Bernardo Garicochea:
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