O Médico Oncologista de Porto Alegre (RS) e presidente do Latin American Cooperative Oncology Group – LACOG, Dr. Carlos Barrios, comentou as atividades realizadas no ASCO 2018 que ocorreu em Chicago, E.U.A, entre os dias 01 e 05 de junho 2018. Dentre os principais estudos divulgados, destaca-se o MONALEESA-3, apresentado pelo Dr. Denis Slamon, referente ao tratamento do câncer de mama.
De acordo com o Dr. Barrios, “a história do câncer de mama do receptor hormonal positivo tem se modificado com o advento dos agentes inibidores CDK4 e CDK6. Neste sentido, vários estudos têm sido realizados com os três compostos – o palbociclibe, o ribociclibe e o abemaciclibe, todos demonstrando efeitos extremamente consistentes e levando a diversos benefícios.
Na avaliação do Dr. Barrios, o estudo MONALEESA-3 entrou neste cenário com diversas novidades importantes.
Sobre o desenho do estudo, ele explica que o MONALEESA-3, é um estudo de fase 3 que incluiu pacientes sem tratamento prévio para a doença metastática (ou seja, primeira linha, após somente tratamento hormonal anterior, geralmente adjuvância) e pacientes em 2ª linha – isto é, pacientes que tinham sido tratados anteriormente com hormonioterapia. Foram randomizados pacientes 2:1 para receberem a combinação de fulvestranto com ribociclibe versus placebo mais fulvestranto. Um numero importante de pacientes foi incluído neste robusto estudo, sendo 484 pacientes no grupo experimental, da combinação de ribocilibe com fulvestranto, versus 242 pacientes que estavam no grupo do fulvestranto como agente único.
Dr. Barrios, um dos maiores especialistas da América Latina, destaca que o estudo foi altamente positivo, detalhando que análise de toda a população (tanto pacientes sem tratamento prévio quanto os pacientes de segunda linha para a doença metastática) houve uma diferença favorável ao grupo experimental – que teve uma Sobrevida Livre de Progressão de cerca de 20 meses comparada com 12 meses com o grupo fulvestranto, como agente único. O Hazard Ratio (HR) foi extremamente significativo, na ordem de 0,59 – consistente com outros resultados de pacientes tratados com inibidores de CDK4 / CDK6. Quando se analisaram os dois grupos de pacientes (os que não haviam recebido tratamento de primeira linha com hormonioterapia e os de segunda linha), os HRs também foram igualmente positivos, na ordem de 0,57 e 0,58, o que estabelece um benefício significativo. A toxicidade encontrada, não foi fator de surpresa, afora a neutropenia – característica dos inibidores CDK4 e CDK6 – não existiram outras partes significativamente problemáticas, sendo perfeitamente manejável na prática clínica.
“Se formos interpretar estes resultados para a nossa prática, esse estudo nos desafia de forma particular já que na primeira linha, colocar fulvestranto com o inibidor de CDK4 / CDK6 (neste caso, o ribociclibe) é um avanço com relação ao que tínhamos antes, enfatiza Barrios.
Outro ponto abordado é que o estudo FALCON que, após muitos anos, demonstrou na comparação entre fulvestranto e anastrozol (inibidor de aromatase) vantagens significativas para os pacientes tratados com fulvestranto; embora fosse uma população sem tratamento hormonal prévio, o estudo estabeleceu o fulvestranto como o principal e talvez melhor agente hormonal de uso único.
Dr. Barrios ainda destaca que neste cenário, a combinação de fulvestranto com Ribociclibe poderia ser uma alternativa importante para pacientes na primeira linha de tratamento da doença receptor hormonal positiva metastática.”
Já na segunda linha, se confirmam os resultados previamente documentados com outros agentes neste cenário; do ponto de vista prático, mais uma evidência de que o uso dos inibidores CDK4/CDK acrescenta ao nosso armamentário, eventualmente nos ajudando a melhorar os resultados e controle de doença nesta população.
Dr. Carlos Barrios finaliza informando que “deve-se documentar um acompanhamento a longo prazo deste estudo ( ainda preliminar) e das pesquisas anteriores como o PALOMA-2 e o MONALEESA-2, que darão informações sobre a Sobrevida – isto é, a vantagem de Sobrevida Livre de Progressão verificadas nestes estudos que se transportam a um benefício de Sobrevida (Global).
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