O Câncer Colorretal é a terceira neoplasia mais comum no mundo em homens, responsável por 1 milhão de casos novos (10,9% do total), e a segunda em mulheres, com 795.000 casos (9,5% do total); o câncer de reto corresponde a 38% dos casos. Nos últimos anos foi observado um aumento gradual da incidência de câncer colorretal em pacientes com menos de 50 anos, principalmente do câncer de reto. É a terceira maior causa de morte por câncer, com estimativa de 883.000 óbitos ao ano (9,2% do total), sendo 52% dos óbitos em países de baixa e média renda. No Brasil, são estimados em 2018, 17.380 novos casos em homens e 18.980 em mulheres.
Na maioria das vezes, o câncer colorretal se desenvolve a partir de pólipos colônicos que se tornam displásicos (sequência adenoma-carcinoma). Em uma minoria dos casos (aproximadamente 10%), existe uma evidência de predisposição hereditária na família. Entre as anormalidades encontradas nos casos de câncer colorretal esporádico, estão a ativação de oncogenes, a supressão de genes supressores tumorais e alterações de gene de reparo. Entre os oncogenes mais frequentemente mutados em câncer colorretal estão os genes da família RAS, SRC, MYC e HER2. As mutações de RAS (HRAS, KRAS ou NRAS) estão presentes em aproximadamente 50% dos casos. A pesquisa das mutações de RAS faz parte da rotina do diagnóstico, uma vez que a presença destas mutações implica em ausência de benefício dos anticorpos monoclonais anti-EGFR, como cetuximabe e panitumumabe. A presença de mutações em BRAF ou amplificações de HER2 têm sido exploradas como possíveis alvos terapêuticos na doença metastática. Entre os genes supressores envolvidos estão TP53 e APC.
Os genes de reparo de DNA podem estar alterados – de forma somática ou germinativa – nas lesões malignas colorretais. Mutações germinativas podem estar por trás da apresentação da Síndrome de Lynch, enquanto perda de expressão pode ser encontrada em aproximadamente 15% dos casos esporádicos. Independentemente da natureza da alteração, estas podem implicar em alto nível de instabilidade de microssatélites (MSI-high). Casos esporádicos com MSI-high tendem a ocorrer no cólon proximal, ter maior componente mucinoso, infiltração linfocítica e são mais comumente pouco diferenciados. De importância, tumores MSI-high tendem a ser altamente responsivos à imunoterapia, uma vez que a deficiência da via de reparo do DNA pode levar ao surgimento de inúmeras proteínas mutadas, que podem servir de neoantígenos tumorais.
Referências:
1- Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer statistics, 2018. CA Cancer J Clin. 2018
2 -Bailey CE, Hu CY, You YN, et al. Increasing disparities in the age-related incidences of colon and rectal cancers in the United States, 1975-2010. JAMA Surg. 2015 Jan.
3- Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: INCA, 2017
Luiz Henrique Araujo, MD, PhD Médico Oncologista e Pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (INCA) Diretor Científico do Americas Oncologia | Instituto COI
Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – Regional RJ
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