Com redução significativa no risco de recorrência, o regime perioperatório com durvalumabe associado ao regime FLOT pode se tornar novo padrão de tratamento para adenocarcinoma gástrico localmente avançado. Neste vídeo, Dr. Fabio Kater☨ comenta os dados apresentados na sessão plenária do ASCO® 2025.
☨ Oncologista Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Durante a sessão plenária do ASCO® 2025, um dos destaques em tumores gastrointestinais foi a apresentação dos dados de desfecho primário do estudo duplo-cego de fase 3 MATTERHORN, que avaliou uma nova estratégia perioperatória para pacientes com adenocarcinoma gástrico ou de junção esofagogástrica (GC/GEJC) localmente avançado e ressecável. Atualmente, o regime FLOT (fluorouracil, leucovorin, oxaliplatina e docetaxel) é o padrão de tratamento perioperatório, mas ainda associado a altas taxas de recorrência.
A análise envolveu 948 pacientes randomizados 1:1 para durvalumabe (D) + FLOT ou placebo (P) + FLOT, e a mediana de acompanhamento foi de 31,5 meses. O regime experimental consistiu em dois ciclos de durvalumabe com FLOT no pré-operatório, dois ciclos no pós-operatório, e mais dez ciclos de durvalumabe como manutenção.
No braço D + FLOT foi observada uma melhora estatisticamente significativa na sobrevida livre de eventos (SLE) (HR = 0,71 (IC 95%: 0,58–0,86; p < 0,001)), em comparação com o braço P + FLOT. A mediana da SLE (mSLE) não foi alcançada no grupo D + FLOT, indicando que menos da metade dos pacientes tiveram um evento até o momento da análise. No grupo P + FLOT, a mSLE foi de 32,8 meses.
A resposta patológica completa, um dos desfechos secundários, também foi significativamente maior no grupo D + FLOT (19,2% versus 7,2% para o grupo P + FLOT). Apesar de os dados de sobrevida global (SG) ainda estarem imaturos, os dados preliminares sugerem uma tendência favorável, com razão de risco de 0,67 após 12 meses (IC 95%, 0,50–0,90).
Embora o benefício tenha sido demonstrado na população geral, 90% dos pacientes do estudo apresentavam TPS ≥1%, indicando uma população majoritariamente com alta expressão de PD-L1. “Nos casos com TPS <1%, o forest plot indica uma perda de benefício, o que levanta o debate sobre a necessidade de biomarcadores nesse cenário perioperatório”, avalia o especialista.
Além disso, biomarcadores moleculares adicionais, como HER2, CLND18.2 e ctDNA, ainda não foram avaliados nesse estudo, o que pode refinar futuras estratégias terapêuticas. Também permanece a dúvida sobre a duração ideal da imunoterapia de manutenção, hoje estipulada em 10 meses.
Em conclusão, os resultados do MATTERHORN apontam que o durvalumabe associado ao FLOT representa uma nova opção terapêutica eficaz para pacientes com GC/GEJC. Ainda serão necessários estudos complementares para definir com maior precisão quem mais se beneficia da adição da imunoterapia e como personalizar o tratamento para aumentar sua eficácia e reduzir toxicidades desnecessárias.
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