Pembrolizumabe em combinação com quimioterapia e bevacizumabe é eficaz no aumento da sobrevida de diversos subgrupos de pacientes com câncer cervical persistente, recorrente ou metastático.
O vírus HPV é responsável por infecções genitais frequentes em mulheres, mas muita das vezes, não há evolução do quadro e a pessoa permanece assintomática. No entanto, caso a contaminação seja causada por um vírus HPV de cepas oncogênicas, após uma série de desequilíbrios celulares, a infecção pode progredir para formação do câncer de colo de útero, ou o também chamado, câncer cervical, responsável por grande número de mortes femininas. Não há dúvidas sobre a importância da pesquisa para melhorar não só os tratamentos, mas também para prolongar a sobrevida das sobreviventes a este tipo doença.
Visando este fim, no estudo KEYNOTE-826 foi demonstrada que a combinação pembrolizumabe (pembro) com quimioterapia, complementada ou não pelo uso de bevacizumabe (bev) prolongou a sobrevida de pacientes com câncer cervical persistente, recorrente ou metastático. Nesta análise apresentada na Reunião Anual da ASCO 2022, foi realizada uma análise dos resultados em vários subgrupos-chave de pacientes.
Participaram desta análise apenas mulheres adultas, que para serem consideradas elegíveis deveriam apresentar doença mensurável por RECIST v1.1 e por ECOG PS 0–1. Os carcinomas deveriam ser de células escamosas persistente, recorrente ou metastático, carcinoma adenoescamoso ou adenocarcinoma do colo do útero não tratado previamente com quimioterapia e não passível de tratamento curativo.
617 participantes foram randomizadas (1:1), um grupo recebendo placebo e o outro grupo recebendo pembro, ambos em combinação com quimioterapia e sujeitos ou não ao uso de bev. Para a análise dos resultados, os subgrupos-chave foram divididos de acordo com o CPS de PDL-1, uso ou não de bev, tratamento à base de platina e realização de quimiorradioterapia. O corte de dados ocorreu em maio de 2021, após acompanhamento das pacientes por um tempo mediano de 22 meses. Utilizando razões de risco e um intervalo de confiança de 95%, baseados em um modelo de regressão de Cox estratificado, os resultados foram animadores.
Em todos os subgrupos analisados, o uso de pembro prolongou a sobrevida global (SG) e a taxa de sobrevida livre progressão (SLP), se comparado com o grupo tratado com placebo. Para aqueles que receberam bev (n=389), a SLP mediana foi de 15,2 meses para aqueles tratados com pembro, e de 10,2 meses para os tratados com placebo (HR 0,61; IC 95% 0,47-0,79). Ainda no grupo de pacientes tratados com bev, a mediana de SG dos pacientes que receberam pembro não foi atingida vs. 24,7 meses para o grupo placebo (HR 0,63; IC 95% 0,47-0,87). Para o grupo que não recebeu bev (n=228), a SLP mediana foi de 6,3 vs. 6,2 meses (HR 0,74; IC 95% 0,54-1,01); e a SG mediana foi de 16,8 vs. 12,6 meses (HR 0,74; IC 95% 0,53-1,04), para o grupo que recebeu pembro vs. placebo, respectivamente.Ficou destacado que esses benefícios também abrangeram as populações CPS ≥1 e CPS ≥10.
Assim, o uso de pembrolizumabe combinado com quimioterapia, somado ou não ao uso de bevacizumabe se demonstrou benéfico no âmbito do prolongamento da sobrevida. Outro fator que viabiliza ainda mais essa terapia é o fato de que os resultados se mantiveram positivos em um amplo espectro de perfis de pacientes com câncer cervical, sendo válidos também para aquelas mulheres que fizeram uso de platina ou quimiorradioterapia anteriores, demonstrando que este tratamento é viável e importante para as sobreviventes do câncer de colo de útero.
Referências:
TEWARI, K. et al. Pembrolizumab + chemotherapy in patients with persistent, recurrent, or metastatic cervical cancer: Subgroup analysis of KEYNOTE-826. American Society of Clinical Oncology, 2022 ASCO Annual Meeting . Doi:10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.5506
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