Comparação clínica e genômica revela diferenças acentuadas entre rabdomiossarcoma com mutações em NF1 e tumor maligno de Triton (MTT)
Rabdomiossarcomas (RMS) são tumores altamente heterogêneos, tanto clínica quanto molecularmente, com diferentes graus de diferenciação miogênica na musculatura estriada esquelética. Dentre as alterações moleculares, mutações no gene supressor tumoral NF1 são a segunda causa mais frequente de rabdomiossarcomas embrionários (ERMS). Mesmo com o avanço do sequenciamento de nova geração (NGS) e das estratégias terapêuticas baseadas em achados genômicos, a relação entre alterações em NF1 e os parâmetros clinicopatológicos, desfechos e eventos moleculares em RMS ainda precisa ser mais bem esclarecida.
Com o objetivo de estabelecer essas associações, Traux de Wardin e outros investigadores propõem avaliar um grupo molecularmente homogêneo de RMS com mutações em NF1, comparando-o com o tumor maligno de Triton (MTT), cujo padrão de diferenciação é semelhante ao RMS e é dirigido por alterações similares em NF1. Dessa forma, 21 pacientes com RMS e mutações em NF1 e 13 pacientes com MTT e mutações em NF1 (grupo controle) foram submetidos à análise clinicopatológica e molecular para melhor compreensão acerca da patogênese de cada doença.
Mediante avaliação pareada de tecido tumoral e tecido normal por NGS, todos os pacientes do grupo RMS, exceto um, apresentavam rabdomiossarcoma embrionário, com idade mediana de 17 anos, comparada à idade mediana de 39 anos no grupo MTT. Molecularmente, as alterações coexistentes mais comuns em ERMS foram em TP53 (36%), enquanto em MTT foram em CDKN2A/B e no complexo PRC2 (38%). Na taxa de sobrevida em 5 anos, o grupo RMS apresentou 70% de sobrevivência, comparado a 33% no grupo MTT, indicando uma diferença significativa no prognóstico entre os grupos.
Este estudo demonstrou o impacto da oncologia de precisão ao diferenciar dois tipos tumorais que compartilham aspectos morfológicos e clínicos. Os resultados indicam estratégias como a redução da dose de quimioterapia para pacientes com ERMS NF1 mutante, mas sem alteração em TP53. Além disso, a melhor caracterização e distinção entre MTT e ERMS permite compreender duas doenças com prognósticos e desfechos distintos, demandando abordagens clínicas diferentes.
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