Anastrozol previne câncer de mama mesmo após interrupção de seu uso - Oncologia Brasil

Anastrozol previne câncer de mama mesmo após interrupção de seu uso

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O estudo International Breast Cancer Intervention Study II (IBIS-II) Prevention avaliou se o uso de anastrozol por 5 anos pode ser eficaz e seguro na prevenção do câncer de mama em mulheres pós menopausadas que estão em maior risco de doença. O IBIS-II recrutou cerca de 3864 mulheres pós-menopausadas com risco elevado de desenvolvimento de câncer de mama. Foram consideradas se preenchessem qualquer um dos critérios: ter 2 ou mais parentes com câncer de mama, ter mãe ou irmã com histórico de câncer de mama antes dos 50 anos de idade ou mãe ou irmã que tiveram câncer de mama bilateralmente. Dentre as participantes, 1920 foram randomizadas para anastrozol por 5 anos e 1944 pacientes para placebo. Não houve diferença quanto aderência em 5 anos da terapia (74,6% de anastrozol e 77% placebo).

Conforme atualização de dados do estudo IBIS-II apresentados na San Antonio Breast Cancer Symposium 2019, após uma mediana de 10,9 anos os pesquisadores encontraram que as mulheres assinaladas para anastrozol tiveram 50% menos chance de desenvolver câncer de mama quando comparado a placebo. A toxicidade foi aceitável segundo os autores com predominância de mialgia e fogachos sem ocorrer excesso de fraturas ou outros eventos adversos maiores com anastrozol.

O número necessário para tratar (NNT) segundo o estudo é 29 o que equivale dizer que é necessário tratar com anastrozol por 5 anos 29 pacientes para evitar que uma paciente desenvolva o risco de câncer de mama nos próximos 5 anos o que se mostraria mais favorável que o NNT de tamoxifeno no mesmo cenário que seria de 49.

Deste modo para pacientes pós-menopausadas de alto risco, o estudo sugere ser mais recomendável submeter a paciente com anastrozol para prevenção de câncer de mama do que tamoxifeno sendo reservado este medicamento para pacientes que demonstram intolerância ao anastrozol. Cumpre esclarecer, no entanto que este benefício é válido para câncer de mama receptor de estrógeno positivo e carcinoma ductal in situ, não favorecendo logicamente doença receptor de estrógeno negativo.

Até o momento desta análise, 129 mortes foram reportadas sem nenhuma diferença quanto a causa de mortalidade. Destas, 5 mortes foram por neoplasia de mama, duas no grupo de anastrozol e três no placebo e, desta maneira, ainda não é reconhecido o verdadeiro impacto em redução de mortalidade por cancer de mama com uso preventivo de anastrozol sendo necessário maior tempo de seguimento segundo o principal autor do estudo, Cuzick.

Leia o estudo na íntegra.