Neste vídeo, Dr. Fábio Schütz, oncologista clínico da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo comenta sobre a recente aprovação da droga enfortumabe vedotina pela ANVISA, uma medicação aprovada para pacientes com câncer de bexiga metastático previamente tratados
Atualmente, o tratamento padrão de pacientes clinicamente aptos com carcinoma urotelial avançado é a quimioterapia a base de cisplatina. Entretanto, cerca de 50% desses pacientes são inelegíveis para cisplatina devido ao seu baixo desempenho, disfunção renal ou outras comorbidades médicas. Neste cenário, o bloqueio do checkpoint imunológico é uma opção terapêutica de primeira linha para pessoas inelegíveis à quimioterapia ou cujos tumores possuem expressão de PD-L1. Pacientes inelegíveis para cisplatina e que progridem à imunoterapia ou a quimioterapia têm opções de tratamento limitadas, e existe uma necessidade médica de que o arsenal terapêutico para esse contexto de doença seja expandido.
Tendo em vista este cenário, o enfortumabe vedotina é um anticorpo-droga conjugado que consiste em um anticorpo monoclonal específico contra a nectina-4 associado à monometil auristatina E – um agente que interrompe a formação de microtúbulos. A nectina-4 é uma molécula de adesão celular que é altamente expressa em cerca de 93% dos pacientes com carcinoma urotelial, e pode contribuir para o crescimento e proliferação de células tumorais. Desta forma, a entrega do monometil auristatina E é altamente direcionada e resulta em parada do ciclo celular e apoptose das células tumorais.
Esta aprovação foi baseada no estudo EV-301, um estudo global de fase 3, aberto, que avaliou o enfortumabe vedotina em comparação com a quimioterapia em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que haviam recebido tratamento anterior com um agente de platina e um inibidor de PD-1 ou PD-L1. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber enfortumabe vedotina (na dose de 1,25 mg por quilograma de peso corporal nos dias 1, 8 e 15 de um ciclo de 28 dias) ou quimioterapia escolhida pelo investigador (docetaxel padrão, paclitaxel ou vinflunina), administrado no dia 1 de um ciclo de 21 dias. O desfecho primário deste estudo foi a sobrevida global (SG).
Um total de 608 pacientes foram randomizados. A SG foi maior no grupo de enfortumabe vedotina em comparação com o grupo de quimioterapia. Sendo que, em um seguimento mediano de 11,1 meses, a mediana de SG foi de 12,88 vs. 8,97 meses, para o grupo de enfortumabe vedotina e de quimioterapia, respectivamente (HR de morte 0,70; IC 95%, 0,56 a 0,89; P = 0,001). A sobrevida livre de progressão (SLP), um dos desfechos secundários do estudo, também foi maior no grupo de enfortumabe vedotina do que no grupo de quimioterapia (HR, 0,62; IC 95%, 0,51 a 0,75; P <0,001 ). A incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento foi semelhante nos dois grupos (93,9% no grupo enfortumabe vedotina e 91,8% no grupo quimioterapia); a incidência de eventos de grau 3 ou superior também foi semelhante nos dois grupos (51,4% e 49,8%, respectivamente).
De acordo com esses dados, o estudo conclui que enfortumabe vedotina prolongou significativamente a sobrevida em comparação com a quimioterapia padrão em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que haviam recebido anteriormente tratamento à base de platina e um inibidor de PD-1 ou PD-L1. Esta droga já está aprovada para este uso em alguns países, e agora é recém aprovada pela ANVISA para uso no Brasil. Dr. Fábio comenta que enfortumabe vedotina é uma medicação intravenosa, e deve ganhar bastante espaço no uso clínico, e deve ser incluído nos principais guidelines de tratamento que temos hoje.
No vídeo, Dr. Fábio faz uma análise completa dos dados do estudo. Vale a pena assistir e conferir o conteúdo completo!
Referências:
Thomas Powles, M.D. et al., Enfortumab Vedotin in Previously Treated Advanced Urothelial Carcinoma. N Engl J Med 2021; 384:1125-1135. DOI: 10.1056/NEJMoa2035807
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