A partir de dados do estudo MonarchE, o abemaciclibe é agora indicado para tratamento do câncer de mama HR+/HER2-, tanto na doença inicial com alto risco de recorrência, quanto na doença metastática indolente ou agressiva
Abemaciclibe é um inibidor de CDK4/6 que já vem sendo estudado no contexto do câncer de mama avançado, e agora recebeu aprovação da ANVISA para uso em doença inicial com alto risco de recorrência, em associação com terapia endócrina no tratamento adjuvante.
O estudo MonarchE, aberto, de fase 3, incluiu 5.637 pacientes. Os pacientes do sexo feminino (qualquer estado de menopausa) e do sexo masculino com 18+ anos de idade com câncer de mama inicial HR+, HER2-, e risco elevado de recorrência eram elegíveis. Os pacientes haviam previamente realizado cirurgia e, conforme indicação, radioterapia e/ou quimioterapia adjuvante e/ou neoadjuvante. Além disso, para elegibilidade, os pacientes deviam apresentar 4 ou mais linfonodos positivos, ou 1 a 3 linfonodos positivos, e pelo menos uma característica associada à alto risco de recorrência, como tamanho do tumor ≥ 5 cm, grau histológico 3, ou índice de Ki-67 ≥ 20%. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber abemaciclibe (150 mg duas vezes ao dia) com terapia endócrina adjuvante (TE) padrão ou TE isolada, como controle.
O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença invasiva (SLDI), e os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de recorrência à distância (SLRD), sobrevida global (SG) e segurança. O estudo ainda está em andamento e teve, até agora, um seguimento de 19 meses.
Entre os 5.637 pacientes designados aleatoriamente, foram observados, na população com intenção de tratar, 163 eventos de SLDI no grupo que recebeu abemaciclibe mais TE vs 232 no grupo que recebeu TE isolada (HR 0,71; IC 95%: 0,58 a 0,87; p=0,0009). As taxas de SLDI em 2 anos foram de 92,2% versus 88,7%, respectivamente. Houve também redução do risco de metástase a distância (HR 0,69; IC 95%: 0,55 a 0,86; p=0,0009). Os dados de SG ainda são imaturos, com 39 (1,4%) mortes observadas no braço do abemaciclibe e 37 (1,3%) observadas no braço controle.
Quanto ao perfil de segurança, os eventos adversos (EAs) foram compatíveis com o já conhecido para o abemaciclibe. Um total de 5.141 pacientes experimentaram pelo menos um EA proveniente do tratamento (97,9% no braço do abemaciclibe e 86,1% no braço controle). Os EAs mais frequentes foram diarreia, neutropenia e fadiga no braço do abemaciclibe; e artralgia, afrontamento e fadiga no braço de controle. Ainda, destes EA, a diarréia foi o principal evento apresentado, porém na maioria dos casos foi de baixo grau, no primeiro ciclo de tratamento e de rápida resolução. 7,7% dos pacientes apresentaram diarreia grau 3, e 5,1% dos pacientes descontinuaram o tratamento devido à diarreia.
Em conclusão, o MonarchE demonstrou que o abemaciclibe adicionado à TE padrão melhora significativamente a SLDI em mulheres e homens com câncer de mama precoce HR+, HER2–, linfonodo positivo com alto risco de recorrência. Abemaciclibe é, então, o primeiro e único medicamento a se mostrar eficaz neste cenário para este perfil de pacientes.
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