Neste vídeo, Dr. Oren Smaletz, médico oncologista no Hospital Israelita Albert Einstein, comenta sobre os dados do estudo clínico PROpel. Este é um estudo que avaliou a adição do olaparibe, um inibidor de PARP, à abiraterona no tratamento dos pacientes com câncer de próstata resistente à castração metastático. Seus dados foram utilizados como base para aprovação regulatória da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
A utilização do olaparibe, um inibidor de PARP, no cenário de tratamento do câncer de próstata já vem sido estudado há algum tempo. Neste sentido, o estudo PROfound, de fase 3, já havia demonstrado benefício significativo do olaparibe versus enzalutamida ou abiraterona em termos de sobrevida livre de progressão baseada em imagem e de sobrevida global em pacientes com câncer de próstata resistente à castração metastático (CPRCm) que abrigavam mutações em BRCA1, BRCA2 e ATM cuja doença havia progredido a um agente hormonal de última geração. Os dados do PROfound levaram a aprovação do olaparibe em monoterapia pela ANVISA, tornando o olaparibe o primeiro inibidor de PARP aprovado no Brasil para câncer de próstata.
A partir destes resultados, o estudo clínico PROpel foi desenhado para avaliar a utilização do olaparibe em combinação com abiraterona no cenário de primeira linha de tratamento do CPRCm, sendo que este foi o primeiro estudo a demonstrar mais de 2 anos de sobrevida livre de progressão baseada em imagem no cenário do CPRCm. A partir destes dados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou esta nova indicação do olaparibe, para o tratamento de primeira linha do CPRCm.
O estudo clínico de fase III PROpel é um estudo randomizado e duplo-cego. Para este estudo, os pacientes foram inscritos independentemente do status da mutação do gene de reparo por recombinação homóloga (HRRm). O status de HRRm foi determinado após a inscrição por tecido tumoral e testes de DNA tumoral circulante.
Sendo assim, 796 pacientes foram randomizados (1:1) para receber olaparibe em combinação com abiraterona mais prednisona ou prednisolona (braço olaparibe, N=399) ou placebo em combinação com abiraterona mais prednisona ou prednisolona (braço placebo, N=397). O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão baseada em imagem (SLPr) pela avaliação do investigador. A sobrevida global (SG) foi um desfecho secundário.
Resultados da primeira análise interina (30/07/2021) demonstraram que pacientes tratados com Abi+Ola apresentavam SLPr prolongada (mediana de 24,8 vs. 16,6 meses; HR = 0.66; IC 95%: 0,54–0,81; p<0.0001) e uma SG com tendência para o benefício da terapia Abi+Ola (maturity 28,6%; HR= 0,86; 95%CI: 0,66–1,12). Atualizações da mesma coorte (ESMO 2022) demonstram consistência da SLPr (25.0 vs. 16.4 meses; HR = 0,67; 95%CI: 0,56–0,81) e manutenção da tendência da sobrevida global (maturity 40%; HR = 0,83; 95%CI: 0,66–1,03).
A manutenção de uma SLPr prolongada associada a uma tendência de sobrevida global favorável ao tratamento de olaparibe + abiraterona fortalecem os benefícios desse esquema terapêutico na primeira linha no tratamento de câncer de próstata resistente à castração metastático. O resultado atualizado ainda demonstrou benefício na análise de subgrupos, com um HR=0,23 na SLP dos pacientes BRCAm, HR=0,50 nos pacientes HRR+ e HR=0,76 nos pacientes non-HRR. O perfil de toxicidade foi semelhante ao perfil já visto para o olaparibe, e os pacientes no braço olaparibe apresentaram uma baixa taxa de descontinuação do tratamento.
Segundo o especialista, essa é uma nova combinação para esse grupo de pacientes com um potencial de trazer maiores benefícios clínicos. No vídeo, o doutor comenta sobre o impacto clínico destes dados e foca nos achados mais importantes deste estudo. Confira o vídeo e assista o conteúdo completo!
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