Com mais de uma década de seguimento, dados apontam maior sobrevida global e menor recorrência com uso de pertuzumabe
A adição do pertuzumabe à combinação de trastuzumabe e quimioterapia no tratamento adjuvante do câncer de mama HER2-positivo precoce foi investigada no estudo APHINITY (NCT01358877), um ensaio clínico de fase III, randomizado e duplo-cego. Os resultados iniciais já haviam demonstrado melhora significativa na sobrevida livre de doença invasiva (IDFS) entre pacientes de alto risco. Com 11,3 anos de seguimento mediano, a análise final, apresentada durante o ESMO Breast Cancer 2025, traz novos dados que confirmam o impacto da terapia na sobrevida global (OS), reforçando o papel do pertuzumabe como padrão terapêutico nessa população.
O estudo incluiu 4.804 pacientes com câncer de mama HER2-positivo operável, randomizadas entre novembro de 2011 e agosto de 2013 em dois grupos: 2.400 receberam pertuzumabe + trastuzumabe + quimioterapia (P + T + QT) e 2.404 receberam placebo + trastuzumabe + quimioterapia (Pla + T + QT). A análise final pré-especificada avaliou sobrevida global, atualizou dados de IDFS e monitorou eventos cardíacos adversos. As análises estatísticas consideraram razão de risco (hazard ratio) e intervalos de confiança de 95% para os desfechos, com ponto de corte clínico em novembro de 2024.
Foram registrados 452 óbitos ao final do seguimento: 205 (8,5%) no grupo que recebeu pertuzumabe e 247 (10,3%) no grupo placebo. A razão de risco para sobrevida global foi de 0,83 (IC 95% = 0,69–1,00; p = 0,044), evidenciando benefício estatisticamente significativo. A taxa de sobrevida global em 10 anos foi de 91,6% no grupo P + T + QT, comparada a 89,8% no grupo Pla + T + QT. Os subgrupos com maior benefício incluíram pacientes com linfonodos positivos (HR = 0,79; IC 95% = 0,64–0,97) e com receptores hormonais positivos (HR = 0,76; IC 95% = 0,60–0,97).
A análise da sobrevida livre de doença invasiva também favoreceu o grupo tratado com pertuzumabe: 12,6% dos pacientes apresentaram eventos de recidiva, comparado a 15,8% no grupo controle. A razão de risco para IDFS foi de 0,79 (IC 95% = 0,68–0,92), com taxas de IDFS em 10 anos de 87,2% vs. 83,8%, respectivamente. As reduções foram impulsionadas principalmente por menor incidência de recorrências à distância (6,3% vs. 8,8%) e loco-regionais (1,5% vs. 2,5%). O benefício foi mais evidente nos subgrupos com linfonodos positivos (HR = 0,74) e receptor hormonal positivo (HR = 0,75), sem efeito significativo em pacientes com linfonodos negativos (HR = 1,01).
Quanto à segurança, a combinação com pertuzumabe manteve um perfil cardiovascular aceitável, sem surgimento de novas preocupações. A taxa de eventos cardíacos primários permaneceu inferior a 1%, mesmo após mais de uma década de acompanhamento.
Em conclusão, os dados finais do estudo APHINITY reforçam o valor clínico da adição de pertuzumabe à terapia adjuvante padrão em pacientes com câncer de mama HER2-positivo precoce, especialmente naqueles com maior risco de recidiva. O benefício sustentado em sobrevida global e livre de doença, aliado à segurança cardiovascular, consolida essa abordagem como uma estratégia eficaz e duradoura no cenário adjuvante.
Referências:
Adjuvant pertuzumab or placebo + trastuzumab + chemotherapy (P or Pla + T + CT) in patients (pts) with early HER2-positive operable breast cancer in APHINITY: Final analysis at 11.3 years’ median follow-up. ESMO Breast Cancer, 2025.
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