Neste vídeo, Dr. Diogo Bastos, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, comenta sobre os dados atualizados do estudo clínico ARASENS, apresentado no ASCO Genitourinary Cancers Symposium 2023.
Associação de darolutamida + docetaxel + ADT demonstra resultados promissores de eficácia em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível, levando a uma redução do risco de óbito em 32,5%. Os resultados foram consistentes para as análises estratificadas por alto e baixo volume de doença e doença de alto e baixo risco. Vale a pena conferir o vídeo para o conteúdo completo!
Desde a publicação do estudo CHAARTED, o uso de docetaxel (DOC) associado à terapia de privação de andrógeno (ADT) configura um dos padrões de tratamento para o câncer de próstata metastático hormônio-sensível (CPHSm). Diversos estudos clínicos buscam aumentar o tempo de sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos pacientes apostando na adição de um inibidor da via do receptor de andrógeno ao docetaxel.
Considerando os inibidores da via do receptor de andrógeno, a darolutamida (DARO) possui uma estrutura que permite menor penetração na barreira hematoencefálica e menor potencial de interação droga-droga. Frente a isso, o estudo clínico fase III ARASENS avalia a eficácia do triplet DARO (600mg, 2x/dia) + DOC + ADT em 1305 pacientes randomizados 1:1. Dados anteriores do estudo demonstraram redução do risco de morte em 32,5% (HR = 0,68; IC 95%: 0,57–0,80; p<0,0001) com um perfil de segurança similar ao tratamento padrão, a favor do triplet comparado ao tratamento padrão de placebo em combinação com DOC + ADT, em pacientes com CPHSm.
Apresentados na ASCO Genitourinary Cancers Symposium 2023, novos resultados referentes ao estudo ARASENS adicionam avaliações com relação à eficácia e segurança em subgrupos de volume da doença e risco de doença. As avaliações foram realizadas conforme os critérios CHAARTED, para doença de alto volume, que foi definida como metástases viscerais e/ou ≥4 metástases ósseas com ≥1 além da coluna vertebral/pelve; e LATITUDE, para doença de alto risco, que foi definida como ≥2 fatores de risco: escore de Gleason ≥8, ≥3 lesões ósseas e presença de metástase visceral mensurável.
Dos 1305 pacientes, 77% possuíam doença de alto volume, 70% doença de alto risco, 23% baixo volume e 30% baixo risco. Com relação à eficácia, a associação de DARO+DOC+ADT prolongou a sobrevida global em todos os subgrupos analisados, alto/baixo volume e entre os grupos de risco de doença, apresentando aproximadamente 30% de redução no risco de óbito (HR: 0,69 e 0,68, DARO+DOC+ADT vs. Placebo+DOC+ADT, respectivamente).
A adição de DARO melhorou os desfechos secundários clinicamente relevantes para os pacientes versus placebo nos subgrupos de alto/baixo volume e risco, com hazard ratios próximos ao que se observou na coorte geral de pacientes. A saber, a intensificação com darolutamida atrasou a progressão para câncer de próstata resistente à castração metastático em pacientes com doença de alto (HR: 0.41; IC 95%: 0.34–0.49) e baixo volume (HR: 0.21; IC 95%: 0.14–0.33); além dos pacientes nos grupos de alto (HR: 0.38; IC 95%: 0.32–0.46) e baixo risco (HR: 0.32; IC 95%: 0.23–0.45), consistente com a população geral. Igualmente, os eventos adversos relacionados ao tratamento apresentaram incidência similar à coorte total.
Os resultados aqui discutidos reforçam a eficácia de darolutamida associado à docetaxel com terapia de privação de andrógeno apontada em estudos anteriores, mas reforça a eficácia desse esquema mesmo em análises de subgrupo levando em consideração o volume e risco da doença. Por fim, esses novos resultados dão força à proposta terapêutica de DARO+DOC+ADT como novo padrão de tratamento, particularmente para os pacientes com alto volume de doença.
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