O segundo dia da ASCO GI 2025 discutiu avanços nos tumores hepatobiliopancreáticos. Estudos randomizados voltados para pacientes com tumores neuroendócrinos (TNE) avançados e para carcinoma hepatocelular (CHC) em estádio intermediário foram os destaques da programação.
O estudo japonês de fase III STARTER-NET traz um avanço no TNE avançado. Pacientes com TNE gastroenteropancreático graus 1 ou 2, não funcionantes, com fatores prognósticos adversos (Ki67 entre 5 e 20% ou metástases hepáticas difusas) e sem terapia sistêmica prévia foram randomizados para receber everolimo associado a lanreotida (EVE/LAN) ou everolimo em monoterapia (EVE) ¹. A análise interina de SLP, desfecho primário do estudo, mostrou medianas de 11,5 meses no braço EVE e 29,7 meses no braço EVE/LAN (HR 0,38; IC 99,91% 0,15-0,96; P=0,00017) (figura 1). De forma surpreendente, os pacientes do grupo EVE/LAN tiveram maior taxa de resposta (8,3% vs. 23,0%; P=0,011). O braço EVE/LAN teve mais toxicidade. ¹
Apesar de provocativos, os resultados não têm sido interpretados como modificadores de conduta. Análogo de somatostatina isolado permanece a terapia inicial de escolha para a maior parte dos pacientes com o perfil incluído no estudo. ¹
Figura 1. Sobrevida livre de progressão no estudo STARTER-NET. Adaptado de Hijioka S et al 2025. ¹
Quimioembolização transarterial (TACE) é o tratamento padrão para o CHC intermediário, mas seus resultados em longo prazo são limitados. Recentemente, a associação de terapia sistêmica à TACE mostrou aumentar a sobrevida livre de progressão em dois estudos randomizados, EMERALD-1 e LEAP-012. O estudo randomizado de fase II CARES-005, conduzido na China, traz novas informações sobre o tema. ²
Um total de 200 pacientes com CHC não passível de terapia curativa, sem metástases extra-hepáticas, foram tratados com TACE isoladamente ou com TACE associada a canrelizumabe, um agente anti-PD-1, e rivoceranibe, um inibidor de tirosina-quinase com atividade antiangiogênica. ² A sobrevida livre de progressão (SLP), desfecho primário do estudo, foi superior no braço experimental (mediana 10,8 versus 3,2 meses; HR 0,34; IC 95% 0,24-0,50; P<0,0001) (figura 2). A taxa de resposta foi maior nos pacientes que receberam terapia sistêmica (65% versus 29%). A análise preliminar de sobrevida global não mostrou diferença significativa entre os braços. Em conjunto com os estudos EMERALD-1 e LEAP-012, os resultados reforçam o potencial benefício do tratamento baseado em imunoterapia no CHC intermediário. ²
Figura 2. Sobrevida livre de progressão (PFS) na população por intenção de tratar no estudo CARES-005. Adaptado de Zhu H et al 2025. ²
O estudo indiano ACCELERATE é o primeiro ensaio clínico randomizado a avaliar o papel da radioterapia adjuvante em pacientes com carcinoma de vesícula. Doentes com neoplasia pT2 ou maior ou N+ foram tratados com quimioterapia adjuvante isolada ou quimioterapia adicionada de quimiorradiação. Não houve ganho de sobrevida livre de recidiva nos pacientes que receberam radioterapia. Apesar de suas limitações, capecitabina adjuvante continua sendo o tratamento padrão para esses pacientes. ³
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