Por meio de um estudo fase II recentemente publicado no periódico Lancet Oncology, um inibidor de AKT pela primeira vez demonstra eficácia no cenário de câncer de mama metastático.
Neste estudo FAKTION, pacientes pós menopausadas com expectativa de vida maior que 3 meses, com confirmação histológica de câncer de mama com positividade para receptor de estrógeno, doença irressecável ou metastática, sem disfunção hematológica, renal ou hepática e com performance status 2 ou menos eram randomizadas a receber capivasertibe 480mg duas vezes ao dia por 4 dias seguidos da semana (os dias restante da semana sem) associado a fulvestranto 250mg no 1º e 15º dias do primeiro ciclo (cada ciclo com duração de 28 dias) e os demais ciclos 500mg de injeção enquanto que, no outro braço do estudo, as mesmas doses de fulvestranto aliado à placebo.
De um total de 140 pacientes recrutadas, 69 foram alocadas para o grupo experimental e o restante no grupo fulvestranto acrescido de placebo. Tendo como objetivo primário mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) esta foi de 10,3 meses (IC 95%; 5-13,2) no grupo experimental e 4,8 meses (IC 95%; 0,39-0,84) no grupo placebo com significância estatística (alfa bicaudado P=0,0044; uni caudado p =0,0018). Quanto ao benefício clínico as taxas foram 55% e 41% respectivamente (Odds radio 1,78; IC 0,91-3,47; alfa bicaudado p=0,093). Sobre mediana de duração de resposta daquelas com doença mensurável, durante análise post-hoc, foi 7,1 meses e 5 meses também respectivamente
Taxas de respostas foram 29% no grupo experimental e 8% no grupo controle (Odds Ratio 4,42; IC 95%, 1,65-11,84; p=0.031 – bicaudado). Em acréscimo, 55% do grupo experimental apresentou benefício clínico enquanto 41% no grupo controle (Odds Ratio 1,78; IC 95%, 0,91-3,47; p=0,093 – bicaudado). Dados ainda imaturos para sobrevida global.
Eficácia de combinação também foi investigada nos subgrupos com ou sem alterações nas vias de PI3K e PTEN. Mediana de SLP dentre pacientes sem estas alterações foi de 10,3 meses no grupo capivasertibe (IC 95%; 3,2-13,2) e 4,8 meses no grupo placebo (IC 95%; 3,0-8,6).. Para os subgrupos com as devidas alterações, as medianas de SLP foram respectivamente de 9,5 meses (IC 95%; 6,6-13,7) e 5,2 meses (IC 95%; 3,1-8,4).
Quanto à tolerância ao tratamento, a redução de dose em cada braço do estudo ocorreu em 41% dos pacientes no grupo de combinação e 1% no grupo placebo. Descontinuação por eventos adversos ocorreu em 12% no primeiro grupo em decorrência de rash, diarreia, hipoglicemia, náuseas, úlceras orais e sudorese.
Eventos adversos grau ¾ mais comuns no grupo da combinação e placebo respectivamente foram hipertensão (32% vs 24%), diarreia (14% vs 4%), rash (20% vs 0%), infecção (6% vs 3%) e fadiga (1% vs 4%). Ao todo 65% do grupo capivasertibe e 50% do grupo placebo apresentaram evento adverso grau 3-5. Um único paciente apenas faleceu no estudo em função de infecção pulmonar atípica a qual foi atribuída pelo capivasertibe.
Este estudo é o primeiro a demonstrar eficácia de inibidor de AKT combinado com fulvestranto neste cenário oncológico e diante de toxicidade manejável. Pelo caráter promissor do emprego desta droga é aguardado o desenvolvimento de estudo fase III.
Você pode ler na íntegra aqui: Jones RH, Casbard A, Carucci M, et al. Fulvestrant plus capivasertib versus placebo after relapse or progression on an aromatase inhibitor in metastatic, oestrogen receptor-positive breast cancer (FAKTION): a multicentre, randomised, controlled, phase 2 trial. Lancet Oncol. 2020;21:345-357. doi: 10.1016/S1470-2045(19)30817-4.
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