Associação de sintomas com desfechos clínicos entre adultos sobreviventes de câncer infantil: Um relato do St. Jude Lifetime Cohort - Oncologia Brasil

Associação de sintomas com desfechos clínicos entre adultos sobreviventes de câncer infantil: Um relato do St. Jude Lifetime Cohort

Pink ribbon for breast cancer awareness. Female patient listening to doctor in medical office. Raising knowledge on people living with tumor illness.

2 min. de leitura

Este estudo avaliou dados autorreportados e avaliações clínicas de 3085 sobreviventes, visando sintomas físicos, neurocognitivos e psicológicos, a fim de identificar grupos de pacientes com sintomas semelhantes. 

 

Visto que associar padrões de sintomas com os desfechos clínicos é uma ferramenta útil para manejar pessoas sobreviventes de câncer de alto-risco, este estudo teve como o principal foco distinguir agrupamentos de sintomas e associá-los à qualidade de vida dos indivíduos. 

Este estudo transversal incluiu 3.085 sobreviventes (média de idade na avaliação 31,9 ± 8,3 anos; média de anos desde o diagnóstico 28,1 ± 9,1) participantes do St. Jude Lifetime Cohort Study. Os sobreviventes relataram a presença de 37 sintomas, abrangendo 10 domínios (cardíaco, pulmonar, sensorial, motor/movimento, náusea, dor, fadiga, memória, ansiedade e depressão). A análise de classes latentes identificou subgrupos de sobreviventes com diferentes padrões de carga de sintomas (ou seja, grupos de sintomas). Modelos de regressão multivariada identificaram o risco de associação ao cluster e testaram associações com resultados de saúde. 

Como resultados, foram encontrados quatro principais agrupamentos de sintomas: 

  • Grupo 1: Domínio físico, psicológico e de somatização baixos (prevalência de 52,4%); 
  • Grupo 2: Domínio físico baixo, psicológico elevado, e de somatização moderado (prevalência de 16,1%); 
  • Grupo 3: Domínio físico elevado, psicológico baixo, e de somatização moderado (prevalência de 17,6%); 
  • Grupo 4: Domínio físico, psicológico e de somatização elevados (prevalência de 13,9%). 

Comparado ao Grupo 1, sobreviventes no Grupo 4 apresentaram: 

  • Maiores chances de não terem concluído o ensino médio (Razão de Chance = 7,71; IC95% = 4.46 a 13.31); 
  • Chances mais elevadas de não possuírem plano de saúde (Razão de Chance = 1,49; IC95% = 1,04 a 2,13); 
  • Maiores chances de terem passado por tratamento com corticosteroides (OR = 1,76; 95%CI = 1,02 a 3,03). 

Sobreviventes no Grupo 3 apresentaram: 

  • Maiores chances de terem recebido quimioterapia baseada em platina (Razão de Chance = 2,22; IC95% = 1,34 a 3,68); 
  • Chances mais elevadas de terem recebido radiação cerebral na intensidade de 30Gy ou superior (Razão de Chance = 3,99; 95% CI = 2,33 a 6,86). 

Sobreviventes Grupo 4 reportaram o pior escore físico e mental, assim como performances neurocognitivas e físicas mais baixas de acordo com a avaliação médica, em comparação com os demais grupos (p < 0,01). 

Sendo assim, aproximadamente 50% dos indivíduos que sobreviveram ao câncer infantil apresentaram um fardo multissintomático moderado a elevado, o que foi associado a fatores sociodemográficos, de tratamento, à qualidade de vida e a desfechos funcionais. 

 

Referência:

  1. Shin, H. et al., 2021. Associations of Symptom Clusters and Health Outcomes in Adult Survivors of Childhood Cancer: A Report From the St Jude Lifetime Cohort Study. Presented at the 2021 ASCO annual meeting, virtual, June 4-8, 2021 (abstr 10046). DOI: 10.1200/JCO.22.00361 Journal of Clinical Oncology 41, no. 3 (January 20, 2023) 497-507.