Atezolizumabe resultou em uma sobrevida global significativamente mais longa em relação à quimioterapia à base de platina entre pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células com alta expressão de PD-L1, independentemente do tipo histológico
A imunoterapia tem revolucionado o conceito de tratamento do câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) nos últimos anos. A eficácia e a segurança do atezolizumabe, um anticorpo monoclonal anti-PD-L1, em comparação à quimioterapia à base de platina como tratamento de primeira linha no CPNPC metastático não eram conhecidas. Recentemente, porém, um estudo publicado no The New England Journal of Medicine buscou elucidar essa questão.
O estudo multicêntrico, de fase III, randomizado e aberto recrutou 572 pacientes com CPNPC metastático (escamoso e não escamoso) sem tratamento prévio e que tinham expressão de PD-L1 em pelo menos 1% das células tumorais ou pelo menos 1% das células imunes infiltrantes do tumor de acordo com o ensaio imunohistoquímico SP142.
Os pacientes foram designados aleatoriamente, entre julho de 2015 e fevereiro de 2018, para receber atezolizumabe (n = 285) ou quimioterapia (n = 287), e foram estratificados de acordo com o sexo, ECOG, tipo histológico e expressão de PD-L1. A população com tumores EGFR e ALK selvagens consistia em 554 pacientes, incluindo 277 em cada grupo. Os 18 pacientes com mutação em EGFR ou translocação em ALK foram excluídos da população de análise primária.
O tratamento consistiu em:
Os pacientes com CPNPC não escamoso receberam cisplatina 75 mg/m2 ou carboplatina AUC = 6, além de pemetrexede 500 mg/m2. E pacientes com CPNPC escamoso receberam cisplatina 75 mg/m2 + gencitabina 1.250 mg/m2 ou carboplatina AUC (area under the concentration) = 5 + gencitabina 1.000 mg/m2.
O desfecho primário foi sobrevida global testada hierarquicamente de acordo com o status de expressão de PD-L1 entre os pacientes na população de análise primária com intenção de tratar.
O teste foi realizado entre pacientes com alta expressão de PD-L1, definida como ≥ 50% das células tumorais ou ≥ 10% das células imunes infiltrantes de tumor. Depois, entre aqueles com expressão intermediária e alta, definida como expressão em ≥ 5% das células tumorais ou células imunes infiltrantes de tumor. E por último entre aqueles com qualquer expressão (≥ 1% das células tumorais ou células imunes infiltrantes).
O acompanhamento médio variou de 13,4 a 15,7 meses de acordo com os grupos PD-L1. Um total de 107 pacientes (38,6%) no grupo de atezolizumabe e 98 (35,4%) no grupo de quimioterapia apresentou alta expressão de PD-L1. Entre eles, a sobrevida global mediana foi de 20,2 versus 13,1 meses (HR 0,59; P = 0,01), respectivamente.
Para aqueles com histologia não escamosa, a mediana de sobrevida foi de 20,2 versus 10,5 meses (HR = 0,62, IC95% = 0,40-0,96) no grupo da imunoterapia versus quimioterapia. Para os com histologia escamosa, as medianas foram de “não alcançada” versus 15,3 meses (HR = 0,56, IC95% = 0,23-1,37), respectivamente.
Um total de 166 pacientes (59,9%) no grupo de atezolizumabe e 162 (58,5%) no grupo de quimioterapia apresentaram expressão de PD-L1 alta ou intermediária. Entre esses pacientes, a sobrevida global mediana foi de 18,2 versus 14,9 meses (HR estratificado = 0,72, P = 0,04).
O limite de teste para a sobrevida global não foi alcançado nesta análise e, portanto, a sobrevida para os pacientes com qualquer expressão de PD-L1 (277 em cada grupo) não foi testada formalmente. A sobrevida global mediana entre esses pacientes foi de 17,5 meses versus 14,1 meses (HR estratificado = 0,83, IC95% = 0,65-1,07).
Entre os pacientes com alta expressão de PD-L1, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 8,1 meses no grupo de atezolizumabe versus 5,0 meses no grupo de quimioterapia (HR estratificado = 0,63, IC95% = 0,45-0,88). Entre os com expressão alta ou intermediária de PD-L1, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 7,2 vs 5,5 meses (HR estratificado = 0,67, IC95% = 0,52–0,88).
Os eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 30,1% dos pacientes no grupo de atezolizumabe e em 52,5% do grupo de quimioterapia. Os eventos com frequência ≥ 5% foram anemia (18%), neutropenia (18%) e trombocitopenia (7%), todos no grupo de quimioterapia. Eventos adversos graves ocorreram em 28,3% no grupo da imunoterapia versus 28,5% no da quimioterapia.
Os pesquisadores concluíram que o tratamento com atezolizumabe resultou em uma sobrevida global significativamente mais longa em relação à quimioterapia à base de platina entre pacientes com CPNPC com alta expressão de PD-L1, independentemente do tipo histológico.
Referência:
Herbst RS, et al. Atezolizumab for First-Line Treatment of PD-L1–Selected Patients with NSCLC. New England Journal of Medicine. 2020 Oct 1;383(14):1328-39.
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