Atezolizumabe no tratamento de pacientes com CPNPC e alterações em EGFR e ALK - Oncologia Brasil

Atezolizumabe no tratamento de pacientes com CPNPC e alterações em EGFR e ALK

4 min. de leitura

Neste vídeo, Dra. Carolina Kawamura, oncologista clínica do grupo DASA, comenta sobre os dados do estudo clínico IMpower150, que tratou pacientes com CPNPC, portadores ou não de alterações em EGFR e ALK, com a combinação de atezolizumabe, bevacizumabe e quimioterapia

 

O padrão de tratamento para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) metastático que não receberam tratamento anteriormente inclui quimioterapia com ou sem bevacizumabe, terapias-alvo para aqueles com alterações oncogênicas, e imunoterapia em monoterapia (anti-PD-1) para aqueles com expressão de PD-L1 em pelo menos 50% das células tumorais. No entanto, o prognóstico dos pacientes permanece ruim. 

Ensaios clínicos para avaliar a segurança e eficácia de tratamentos de segunda linha ou posteriores para CPNPC mostraram que pacientes com mutações de EGFR não se beneficiam do tratamento com imunoterapia. Sendo assim, identificar tratamentos eficazes para esses pacientes após falha ou ocorrência de efeitos colaterais inaceitáveis da terapia alvo apresenta um problema clínico. 

Além dos conhecidos efeitos anti-angiogênicos do bevacizumabe, a inibição do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) tem efeitos imunomoduladores. Neste sentido, a eficácia do atezolizumabe pode ser aumentada pela adição de bevacizumabe para reverter a imunossupressão mediada pelo VEGF. Neste sentido, o estudo IMpower150, um estudo aberto de fase 3, avaliou atezolizumabe mais bevacizumabe mais quimioterapia em pacientes com CPNPC não escamoso metastático que não haviam recebido quimioterapia anteriormente. 

O estudo IMpower150 randomizou os pacientes para receber atezolizumabe mais carboplatina mais paclitaxel (ACP), bevacizumabe mais carboplatina mais paclitaxel (BCP) ou atezolizumabe mais BCP (ABCP) a cada 3 semanas por quatro ou seis ciclos, seguido de terapia de manutenção com atezolizumabe, bevacizumabe ou ambas. Os dois desfechos primários foram a sobrevida livre de progressão (SLP), avaliada pelo investigador, tanto entre os pacientes na população com intenção de tratar (ITT) que tinham um genótipo do tipo selvagem (população WT; pacientes com alterações genéticas EGFR ou ALK foram excluídos), quanto entre os pacientes no grupo da população WT que tinham alta expressão de uma assinatura gênica de células T efetoras no tumor (população WT alta em Teff), além da sobrevida global na população WT. O grupo ABCP foi comparado com o grupo BCP antes do grupo ACP ser comparado com o grupo BCP. 

Na população WT, 356 pacientes foram atribuídos ao grupo ABCP e 336 ao grupo BCP. A SLP mediana foi maior no grupo ABCP do que no grupo BCP (8,3 meses vs. 6,8 meses; HR para progressão da doença ou morte, 0,62; IC 95%, 0,52 a 0,74; P <0,001). Os valores correspondentes na população WT alta em Teff foram 11,3 meses e 6,8 meses (HR, 0,51; IC 95%, 0,38 a 0,68; P <0,001). 

A SLP também foi maior no grupo ABCP em comparação com o grupo BCP em toda a população ITT (incluindo aqueles com alterações genéticas de EGFR ou ALK) e entre pacientes com PD-L1 baixo ou negativo, além daqueles com baixa expressão de assinatura de Teff, e aqueles com metástases hepáticas. A sobrevida global mediana entre os pacientes na população WT foi maior no grupo ABCP do que no grupo BCP (19,2 meses vs. 14,7 meses; HR para morte, 0,78; IC 95%, 0,64 a 0,96; P = 0,02). O perfil de segurança no grupo ABCP foi consistente com o perfil de segurança previamente relatado dos medicamentos individuais. 

Na análise final, na qual foram comparados os pacientes tratados com ACP vs. BCP (corte de dados em 13 de setembro de 2019, com acompanhamento mínimo de 32,4 meses), o grupo ACP teve melhorias numéricas, mas não estatisticamente significativas, na SG. Na população ITT WT, a SG mediana foi de 19,0 vs. 14,7 meses (HR 0,84; IC 95%, 0,71–1,00). O benefício de SG foi mantido com ABCP vs. BCP, sendo que a mediana de SG na população ITT WT foi de 19,5 vs. 14,7 meses; (HR 0,80; IC 95%: 0,67–0,95). Análises exploratórias nos subgrupos PD-L1 definidos pelo teste SP142 demonstraram uma SG mediana mais longa com ABCP e ACP vs. BCP nos subgrupos PD-L1-alto e PD-L1-positivo; nos subgrupos PD-L1-negativos, a SG mediana foi semelhante com ACP e ABCP vs. BCP.  

A adição de atezolizumabe ao bevacizumabe mais quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global entre pacientes com CPNPC metastático não escamoso, independentemente da expressão de PD-L1 e estado de alteração genética de EGFR ou ALK. Na análise final de SG do IMpower150, o grupo ACP teve melhora numérica, mas não estatisticamente significativa, em relação ao grupo BCP. Dados atualizados com mais 20 meses de acompanhamento revelaram melhoria contínua da SG com ABCP em comparação com BCP em todos os pacientes. 

Confira o vídeo para a análise e comentários completos da especialista!  

Referências:  

  1. Socinski MA, et al., Atezolizumab for First-Line Treatment of Metastatic Nonsquamous NSCLC. N Engl J Med. 2018 Jun 14;378(24):2288-2301. doi: 10.1056/NEJMoa1716948. Epub 2018 Jun 4. PMID: 29863955.
  2. Socinski MA, et al., IMpower150 Final Overall Survival Analyses for Atezolizumab Plus Bevacizumab and Chemotherapy in First-Line Metastatic Nonsquamous NSCLC. J Thorac Oncol. 2021 Nov;16(11):1909-1924. doi: 10.1016/j.jtho.2021.07.009. Epub 2021 Jul 24. PMID: 34311108. 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação