Análise interina do KEYNOTE-716 demonstra benefícios clínicos do pembrolizumabe em regime de adjuvância no tratamento de pacientes com melanoma cutâneo ressecado IIB e IIC, apresentando redução do risco de recorrência e aumento de sobrevida livre de metástase a distância
O estudo clínico KEYNOTE-716 de fase III, randomizado, placebo-controle, duplo-cego, com grupos paralelos e em duas partes (adjuvante e rechallenge/crossover), avalia o uso de pembrolizumabe (pembro) em regime adjuvante em pacientes acima de 12 anos diagnosticados com melanoma cutâneo de alto risco, que passaram por cirurgia de ressecção e foram classificados com estadiamento IIB e IIC (TNM estadiamentos T3b ou T4 com biópsia de linfonodo-sentinela negativa). Anteriormente, esse estudo demonstrou redução significativa no risco de recorrência ou óbito em um perfil de segurança manejável¹. Atualizações do estudo, apresentado no Congresso Mundial da ASCO 2022, trouxe os resultados de sobrevida livre de metástase à distância (DMFS) e sobrevida livre de recorrência (RFS) em maior tempo de follow-up².
976 pacientes foram randomizados 1:1 (estratificados por estadiamento T e espectro pediátrico) em dois braços: 200mg de pembro (2mg/kg em pacientes pediátricos) e o segundo sendo o braço placebo; ambos administrados uma vez a cada 3 semanas até totalizarem 17 ciclos, de modo que o tratamento continuou até que houvesse recorrência ou toxicidade grave. Pacientes que receberam placebo inicialmente ou que não tiveram progressão da doença em 6 meses, foram expostos ou reexpostos a pembro em mesmo regime até recorrência.
A análise interina teve como desfecho primário a avaliação de RFS e secundário a avaliação de DMFS. Sendo assim, a mediana de follow-up foi de 26,9 meses (4,6 a 39,2) de modo que a terapia adjuvante com pembro aumentou significativamente a sobrevida livre de metástase à distância quando comparada ao placebo (HR 0,64, 95% CI 0,47-0,88; P=0,0029; mediana não alcançada em ambos os grupos), sendo a taxa de DMFS, após 24 meses, de 88,1% no grupo tratado com pembro e 82,2% no grupo placebo. A redução do risco de recorrência se manteve consistente com relação aos resultados anteriores (HR 0,64; 95% CI 0.50-0.84), sendo a taxa de RFS de 81,2% vs 72,8% entre pembro e placebo.
Avaliando as toxicidades graves (≥ grau 3) causa-independente entre pembro e placebo, foram notificados 28,4% e 20%, respectivamente, sendo que quando avaliados, a frequência de eventos adversos relacionados ao fármaco foi de 17,2% e 4,9% sem óbitos relacionados às drogas. Eventos adversos imunomediados foram relatados em 37,7% e 9,3% dos pacientes tratados com pembro vs placebo, respectivamente, sendo o hipotireoidismo o mais comum (17,2% e 3,7%).
As atualizações do estudo KEYNOTE-716 além de manter a redução do risco de recorrência atribuída a pembro em adjuvância, apresenta o aumento da sobrevida livre de metástase à distância atrelado a um bom perfil de segurança com toxicidades manejáveis. Maior RFS e maior DMFS reforçam a aplicabilidade de pembrolizumabe no regime adjuvante em pacientes com melanoma cutâneo ressecado estadiamento IIB e IIC.
Referência:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.