Avaliação da adição de ixazomibe na manutenção pós-transplante autólogo no MM - Oncologia Brasil

Avaliação da adição de ixazomibe na manutenção pós-transplante autólogo no MM

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O estudo GEM2014MAIN buscou avaliar o benefício do inibidor de proteassomaixazomibe, em combinação com lenalidomida e dexametasona pós-transplante autólogo em pacientes com mieloma múltiplo

O Grupo Espanhol de Mieloma (GEM) demonstrou que a manutenção pós-transplante com talidomida mais bortezomibe foi superior à talidomida sozinha, embora essa combinação tenha sido associada a uma alta taxa de neuropatia periférica. A lenalidomida é atualmente o tratamento de manutenção pós-transplante padrão e sua associação com ixazomibe, um inibidor oral do proteassoma que não causa neuropatia periférica, pode ser de interesse. 

Cada ciclo durou 28 dias. A dose consistiu em 15mg/dia de lenalidomida nos dias 1 a 21 e 20mg de dexametasona nos dias 1 a 4 e 9 a 12 e, nos pacientes randomizados para ixazomibe, essa droga foi adicionada com 4mg/dia nos dias 1, 8 e 15 do ciclo padrão de 28 dias. 

161 pacientes foram randomizados para o grupo controle (Rd – lenalidomida e dexametasona) e 171 pacientes para o grupo que recebeu ixazomibe (IRd – ixazomibe, lenalidomida e dexametasona). Os resultados demonstraram que não houve eficácia terapêutica que demonstra superioridade do ixazomibe sobre o esquema padrão.  

Com um seguimento mediano de 56 meses, os dados de sobrevida livre de progressão em 5 anos foram de 62% para o grupo IRd e 63% para o grupo Rd (p=0.785). A análise de subgrupos com risco citogenético padrão e elevado também não demonstrou diferenças significativas, com sobrevida global de 90% nos casos de MDR negativo. 

Com medianas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global inferiores nos grupos com positividade de MDR no momento da inclusão, o que é decorrente do comportamento da doença, não se pode valorar superioridade nesses subgrupos. 

Os dados relativos à segurança e tolerabilidade da terapia são de extrema validade. Visto que não há superioridade terapêutica, a ocorrência superior de trombocitopenia de grau III e IV (16% vs 7%), toxicidade gastrointestinal de grau III e IV (15% vs 2%), necessidade de redução da dose do ixazomibe ou descontinuidade do mesmo em 9% dos pacientes e necessidade de redução da dose da lenalidomida em 29% vs 21% do grupo controle demonstram que a adição do inibidor de proteassoma causou mais eventos adversos nos pacientes que o receberam.    

Desse modo, conclui-se que a adição de ixazomibe ao esquema de manutenção em pacientes com mieloma múltiplo que realizam transplante autólogo não demonstrou superioridade terapêutica e esteve associada a uma maior incidência de eventos adversos, redução de doses e descontinuidade ao tratamento.  

Referências: 

466 – Laura Rosinol et al., Ixazomib Plus Lenalidomide/Dexamethasone (IRd) Versus Lenalidomide /Dexamethasone (Rd) Maintenance after Autologous Stem Cell Transplant in Patients with Newly Diagnosed Multiple Myeloma: Results of the Spanish GEM2014MAIN Trial. Presented at ASH Annual Meeting and Exposition 2021.

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