Estudo avalia modelos prognósticos para seminoma em estágio I utilizando dados do estudo de fase III TRISST e resultados mostram que no seminoma estágio I, o risco de recidiva em pacientes tratados com vigilância após orquiectomia é baixo para a maioria dos pacientes. O tamanho do tumor é consistentemente demonstrado como o melhor preditor de recidiva. O modelo prognóstico da Associação Europeia de Urologia (EAU) também foi validado neste estudo e identificou um pequeno grupo (>5cm, com IRT e ILV) com risco particularmente elevado que pode beneficiar-se de terapia adjuvante
Em busca de melhorar a estratificação de risco e melhor orientar o tratamento adjuvante dos pacientes com seminoma, grupo de pesquisadores do Institute of Cancer Research and Royal Marsden NHS Foundation Trust no Reino Unido avaliou modelos prognósticos para seminoma em estágio I no estudo randomizado de imagem e vigilância em seminoma testicular (TRISST)[1]. Os resultados desta avaliação foram apresentados por Robert A. Huddart durante a sessão de Câncer de Células Renais, Adrenais e Testiculares no Simpósio ASCO GU® 2024.
Metade dos tumores testiculares são seminomas. Para a doença em estágio I, o prognóstico é excelente, sendo a sobrevida após a orquiectomia de aproximadamente 100%, independentemente do manejo posterior a cirurgia. A maioria dos pacientes é curada por orquiectomia e, para os 15%-20% que apresentam recaída, o tratamento de resgate é geralmente bem-sucedido (sobrevivência próxima aos 100%). O risco de recaída é reduzido com carboplatina adjuvante, mas pode expor desnecessariamente pacientes jovens a riscos de saúde a longo prazo. Tendo em vista este cenário, os autores buscaram uma maneira de melhorar a estratificação de risco eficaz e torná-la confiável a fim de poder orientar o uso do tratamento adjuvante e potencialmente reduzir a intensidade da vigilância para os pacientes de menor risco.
Para realizar essa estratificação de risco, foram utilizados os dados do estudo multicêntrico de fase III TRISST[2] realizado no Reino Unido para avaliar fatores prognósticos para recidiva no seminoma em estágio I, incluindo a validação de um modelo recentemente proposto pela EAU. O TRISST utilizou um desenho fatorial randomizado para avaliar os cronogramas de exames de imagem (3 vs 7 exames) e a modalidade (ressonância magnética vs. tomografia computadorizada) na vigilância de homens submetidos à orquiectomia por seminoma em estágio I (n=669). Nesta análise secundária, a seleção do modelo foi usada para ajustar uma regressão multivariável de Cox aos dados do TRISST para investigar fatores que predizem o tempo de recidiva, incluindo: idade, tamanho da massa tumoral, invasão da rede testicular (IRT), estágio T, invasão linfovascular (ILV), lado do tumor e marcadores tumorais (LDH, β-HCG). O modelo final foi utilizado para dividir a coorte em grupos de risco. O risco de recaída também foi estimado de acordo com os grupos prognósticos da EAU. O índice C de Harrell foi utilizado para medir o ajuste do modelo.
Os resultados derivados da base nos dados do TRISST mostraram que o tumor ≥ 4 cm e a doença pT3 foram associados ao maior risco (taxa de risco multivariável para ≥ 4 cm vs < 2 cm: HR=4,00; IC95% 2,00 – 8,01; pT3 vs pT1: HR=3,89, IC95% 1,77 – 8,57). Pacientes com uma ou ambas as características (24% da coorte) tiveram uma taxa de recaída em 5 anos de 22,0%. Os grupos de médio risco (idade < 30 anos e/ou 2-4 cm e/ou pT2) e baixo risco (idade ≥ 30 anos, < 2 cm e pT1) tiveram taxas de recidiva em 5 anos de 12,0% e 2,3%, respectivamente. O modelo EAU ajustou-se bem aos dados do TRISST (índice C = 0,62); 66%, 33% e 2% caíram nos grupos EAU de muito baixo, baixo e alto risco, respectivamente, com taxas de recaída em 5 anos de 10,1%, 16,1% e 45,5%.
Com bases nessa análise, os autores concluíram que no seminoma estágio I, o risco de recidiva em pacientes tratados com vigilância após orquiectomia é baixo para a maioria dos pacientes. O tamanho do tumor é consistentemente demonstrado ser o melhor preditor de recidiva. O modelo prognóstico da EAU validado neste estudo identificou um pequeno grupo (> 5cm, com IRT e ILV) com risco particularmente elevado que pode beneficiar de terapia adjuvante.
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