Subanálise do estudo DESKTOP III busca o papel da cirurgia citorredutora na segunda recidiva do câncer de ovário em pacientes previamente tratadas com quimioterapia na primeira recidiva
O câncer de ovário é a neoplasia ginecológica mais letal, além de ser comum, pois é superada em prevalência apenas pelo câncer de colo de útero. Essa doença é geralmente derivada de células ovarianas epiteliais ou estromais, sendo que seu tratamento padrão geralmente envolve a cirurgia citorredutora de ovário seguida de quimioterapia. O estudo DESKTOP III demonstrou que existem benefícios para a sobrevida dos pacientes AGO positivos se uma citorredução completa for realizada na primeira recidiva, em comparação com aqueles que passaram apenas por quimioterapia. Porém, nada se constatou acerca de seus efeitos em uma segunda recidiva, sendo esta sub-análise elaborada para preencher essa lacuna.
201 participantes foram randomizados no braço padrão não cirúrgico do estudo DESKTOP III, os quais alcançaram uma sobrevida livre de progressão de 14 meses. Destes pacientes, cerca de 85% (n=171) deles apresentaram doença progressiva ou recidivada, e apenas um grupo de 19% (32 pacientes de 171), com idade média de 63 anos, foram submetidos a uma citorredução em sua recaída. No entanto, apenas 60% dos pacientes (n=19) alcançaram uma ressecção completa do tumor e 16% dos pacientes (n=5) apresentaram doença residual pós-operatória, sendo a taxa de mortalidade cirúrgica de 3% (n=1) em dois meses e de 6% (n=2) em 3 meses, ao final dos quais metade dos pacientes já haviam iniciado tratamento sistêmico. Os óbitos pós-operatórios continuaram sendo acompanhados por um tempo de 43,8 meses, havendo nesse período doze mortes. Dentre os resultados de sobrevida após a cirurgia, observou-se que a sobrevida global mediana foi de 54,0 meses, sendo observadas nesse quesito uma taxa de 91% no primeiro ano e 84% no segundo.
Dessa forma, ficou demonstrado que a cirurgia citorredutora é benéfica também para os pacientes AGO positivos que apesar de terem passado por quimioterapia, não haviam realizado cirurgia em sua primeira recaída. O procedimento além de ter se mostrado com baixas taxas de mortalidade, apresentou impactos animadores nas taxas de sobrevida. Assim, é viável que ele seja considerado como uma opção de tratamento para as portadoras de um câncer tão letal.
Referências
SEHOULI , J. et al. Role of cytoreductive surgery for the second ovarian cancer relapse in patients previously treated with chemotherapy alone at first relapse: A subanalysis of the DESKTOP III trial. American Society of Clinical Oncology, 2022 ASCO Annual Meeting. Doi: 10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.5520
COLUNA, J. Cirurgia citorredutora para câncer de ovário recidivante . Pebmed, 2021. Disponóvel em : <https://pebmed.com.br/cirurgia-citorredutora-para-cancer-de-ovario-recidivante/#top > . Acesso em : 28 maio de 2022.
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