O estudo multicêntrico contou com a participação de diversas instituições japonesas para colaborar na investigação do uso do anticorpo anti-VEGFA (bevacizumabe) como uma opção integrada à quimioterapia de primeira linha para combater tumores de ovário
O Carcinoma de Ovário de Células Claras Avançado de estadiamento III/IV (COCCA) é um tumor raro caracterizado por sua resistência à quimioterapia. Em novembro de 2013 o anticorpo monoclonal bevacizumabe (beva) foi aprovado no Japão como opção de terapia para casos de câncer de ovário avançado, mas ainda hoje a eficácia do agente contra o carcinoma de ovário de células claras avançado continua desconhecida. Portanto, o objetivo deste estudo multicêntrico foi investigar o impacto da combinação da quimioterapia de primeira linha acrescida de beva na sobrevida de pacientes com tumores de ovário de células claras avançado.
Para isso, foram recrutadas pacientes diagnosticadas com COCCA em sete instituições entre o ano de 2008 e 2018. Todas as pacientes passaram por peritonectomia e quimioterapia com taxano-carboplatina, sendo 78 em regime trissemanal, 30 em regime semanal, 25 em regime de dose-densa, e 12 em outros tipos de regime, com ou sem a manutenção concorrente de beva (em posologia de 15mg/kg a cada três semanas).
O estudo comparou a sobrevida livre de progressão (PFS) e sobrevida global (OS) antes (Grupo A, n = 102) e após (Grupo B, n = 43) a utilização de beva, por meio do método de análise de sobrevivência de Kaplan-Meier e do modelo de regressão de Cox. Foram excluídas pacientes com escala de desempenho ruim no Grupo A, e pacientes que não receberam beva em decorrência de escala de performance ruim ou por eventos de trombose no Grupo B.
O tempo mediano de acompanhamento das pacientes foi de 36 meses. Os grupos não apresentaram diferenças significativas em termos de idade (p = 0,135) e nem no nível do marcador CA125 (p = 0,674). Treze (13%) e onze (26%) das pacientes apresentaram doença em estadiamento IV (p = 0,058) e duas (3%) e sete (16%) apresentaram escala de desempenho maior ou igual a dois (p = 0,004) nos grupos A e B, respectivamente (p = 0,058). Em mediana, o uso do beva no Grupo B foi de dezesseis ciclos (intervalo interquartil: 6 a 21 meses).
No Grupo B, 29 das 43 pacientes (67%) atingiram a ressecção completa, enquanto no Grupo A, 52 das 102 pacientes (51%) chegaram ao mesmo desfecho (p = 0,068). A sobrevida livre de progressão mediana aumentou de 12,5 meses no Grupo A, para 29,7 meses no Grupo B (teste de log-rank: p = 0,023; Teste de Wilcoxon: p = 0,006), enquanto a sobrevida global mediana aumentou de 24,7 meses no Grupo A, para 51,4 meses no Grupo B (Teste log-rank: p = 0,085; Teste de Wilcoxon: p = 0,027).
Por fim, a análise multivariada revelou que o uso de Bev (Razão de risco [HR]: 0,54; p = 0,011 e HR: 0,54; p = 0,019), a escala de desempenho <2 (HR: 0,33; p = 0,013 e HR: 0,29; p = 0,006) e a completude de ressecção (HR: 0,38; p < 0,001 e HR: 0,37; p < 0,001) foram fatores prognósticos independentes para a predição da sobrevida livre de progressão e sobrevida global, respectivamente.
Sendo assim, o estudo sugere que incorporar bevacizumabe à quimioterapia de primeira linha pode aumentar a sobrevida livre de progressão em pacientes com carcinoma de ovário de células claras avançado.
Referência: Seki et. al. Bevacizumab in first-line chemotherapy to improve the survival outcome for advanced ovarian clear cell carcinoma: A multicenter, retrospective analysis. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 16; abstr 5502). DOI: 10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.5502
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