Estudo relaciona carcinoma de células escamosas do pênis a biomarcadores de inibição de correceptores imunes, além de estabelecer assinaturas de oncogenes dependentes e independentes de HPV
Para a maioria dos pacientes oncológicos as terapias com inibidores de correceptores imunes são consideradas tratamento de primeira linha. No entanto, para o carcinoma de células escamosas do pênis (CCEP) há pouco sucesso com essa técnica, visto que se trata de uma doença rara e agressiva, com cerca de 50% dos casos relacionados às infecções pelo HPV.
Diante desses fatos, os pesquisadores deste estudo analisaram tumores dessa enfermidade utilizando métodos de next generation sequencing de DNA (TruSeq, 45 genes; NextSeq, 592 genes e NovaSeq, sequenciamento total de exoma (WES)), e RNA (NovaSeq). A expressão de PD-L1 foi testada por imuno-histoquímica usando SP142. Além disso, também foram mensuradas a instabilidade de microssatélites (MSI) e a carga mutacional tumoral (TMB) pela contagem de mutações somáticas por tumor. Desta maneira, este trabalho buscou relatar alterações somáticas e biomarcadores relacionados à terapia de primeira linha, além de estabelecer assinaturas de oncogenes dependentes e independentes de HPV.
A coorte desse estudo contou com 108 pacientes com CCEP, idade mediana de 66 anos, sendo 79,6% deles portadores de tumores primários e os demais de tumores metastáticos. De forma geral, as mutações mais comuns foram nos biomarcadores TP53 (46%), CKDN2A (26%), PIK3CA (25%), KMT2C (16%), promotor TERT (22%) e no gene NOTCH1 (14%). Na avaliação geral dos tumores, 51% deles eram PD-L1+ e 10,7% possuíam um TMB considerado alto, ou seja, eram dotados de mais de dez mutações. Cerca de 1,1% tinham alta taxa de instabilidade de microssatélites para reparo de incompatibilidade (dMMR/MSI-H), previamente testada pelos pesquisadores pelo método de análise de fragmentos IHC e NGS.
Dentre todos os tumores, vinte e nove deles tinham o status de HPV testado pelo sequenciamento de exoma e foram divididos em dois grupos para análise. Considerando os itens encontrados exclusivamente para cada grupo, os tumores HPV16/18 positivos foram os únicos a apresentar TMB alto em 30,8% dos tumores, mutações nos biomarcadores KMT2C (33%) e amplificação de FGF3, enquanto apenas os tumores HPV 16/18 negativos demonstraram mutações no biomarcador CDKN2A (37,55%). Já os status PD-L1 e dMMR/MSI-H foram semelhantes nos dois grupos, enquanto tendências diminuídas de TP53 (7,7 % vs 63%) e TERT (25% vs 77%) foram observadas nos tumores HPV positivos.
Mesmo diante da necessidade da confirmação, por um conjunto de dados maiores, de que um TMB seja exclusivo de pacientes com HPV, os biomarcadores são relevantes e tem potencial para estratificar pacientes em ensaios clínicos de terapia com inibidores de correceptores imunes.
Referências
Nazha. B, et al. Comprehensive genomic profiling of penile squamous cell carcinoma and impact of HPV status on immune-checkpoint inhibition-related biomarkers. ASCO Genitourinary Cancers Symposium.2022. doi: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.004.
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