Dr. Jacques Tabacof, onco-hematologista do Grupo Oncoclínicas (SP), comenta o estudo colaborativo, de fase 2, de investigadores americanos apresentado no 62º Congresso Anual da ASH sobre a terapia de pacientes idosos com linfoma de Hodgkin tratados com brentuximabe vedotina isolado ou combinado com agentes únicos.
De acordo com o médico, pacientes mais velhos com linfoma de Hodgkin clássico (cHL) apresentam pior prognóstico – a sobrevida livre de progressão (SLP) em 5 anos é de cerca de 30%–45% – em relação aos mais jovens, muitas vezes devido à biologia do tumor, às comorbidades e às toxicidades relacionadas à quimioterapia de primeira linha (1L) padrão.
Brentuximabe vedotina (BV) é um anticorpo-droga conjugado dirigido para CD30 com atividade robusta para o tratamento de pacientes cHL refratários a várias linhas de quimioterapia. Segundo o especialista, onco-hematologistas já estão bastante familiarizados com o medicamento.
A ideia desse estudo foi de avaliar a eficácia e a tolerabilidade de BV isolado ou combinado com agentes únicos na primeira linha em pacientes com cHL virgens de tratamento ≥60 anos. Foram recrutados 87 pacientes com idade mediana de 74 anos.
O conjunto de análise completa (CAC) inclui todos os pacientes que receberam BV (1,8 mg/kg IV). Eles receberam os seguintes tratamentos (4 partes):
Para o grupo que recebeu monoterapia com BV, a taxa de resposta foi alta (92%), a taxa de remissão completa foi de 72%, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 10,4 meses, a duração mediana de resposta foi de 9 meses. Segundo Dr. Tabacof, a sobrevida global mediana foi “espetacular”, com 82 meses nessa população.
Para o grupo que recebeu BV + dacarbazina, a taxa de resposta foi de 100%, a taxa de remissão completa foi de 68%, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 46 meses, a duração mediana de reposta foi de 45 meses e a sobrevida global não foi alcançada. Já no braço que recebeu BV + nivolumabe, a taxa de resposta foi de 95%, a taxa de remissão completa foi de 79% e a sobrevida livre de progressão não foi alcançada. E a inscrição na parte C (BV + benda) foi fechada precocemente devido a múltiplas toxicidades agudas.
O evento adverso mais frequente foi a neuropatia periférica, “conforme esperado”, lembra o especialista, que conclui que a terapia com BV para os pacientes mais idosos com cHL e múltiplas comorbidades, com idade mediana de 74 anos e com follow-up mediano de 54 meses, tem taxas de resposta muito altas de 92% e sobrevida global mediana excedeu 6 anos. Para o onco-hematologista, trata-se de uma atividade antitumoral notável em pacientes inelegíveis à poliquimioterapia. Além disso, a combinação de BV + nivo ou BV + DTIC levaram a uma taxa de resposta de 95 a 100% com perfil de segurança favorável.
Ele conclui, portanto, que os resultados desse trabalho são importantes para a prática diária dos médicos, uma vez que é bastante comum pacientes idosos com linfoma de Hodgkin e não existe ainda terapia stardard.
Referência:
Yasenchak CA, et al. Frontline Brentuximab Vedotin As Monotherapy or in Combination for Older Hodgkin Lymphoma Patients. Abstract 471. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.
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